Cirurgião do Hospital Albert Einstein indica necessidade de várias tomografias. Impacto forte só pode ser avaliado com exames
Segundo Milton Steinman, cirurgião do Hospital Israelita Albert Einstein especializado em trauma, o relato de que o piloto de Fórmula 1 Felipe Massa estava agitado e se movendo logo após o acidente de que foi vítima neste sábado durante os treinos para o GP da Hungria é um bom indício, mas é preciso aguardar a tomografia para avaliar a extensão de eventuais danos ao cérebro.
- Há situações em que a vítima fica agitada logo após o trauma e ainda assim, mais tarde, entra em coma.
Massa sofreu o acidente por causa de uma mola que se soltou do carro de Rubens Barrichello. A peça atingiu o capacete do piloto, e o capacete causou um corte na testa de cerca de oito centímetros, uma lesão na parte esquerda do crânio e uma concussão cerebral.
Concussão cerebral, explica o especialista, é um termo genérico adotado para descrever lesões que comprometem em algum grau - temporariamente - as funções neurológicas. É por isso que, manda a prática médica, as tomografias são repetidas para acompanhar de tempos em tempos o retorno de funções.
- Ocorrem nesses casos períodos curtos de perda da consciência ou da memória. Essa sequência de tomografias é fundamental para que se tenha certeza de que há uma recuperação neurológica - explica Steinman.
Massa passou logo depois do acidente por uma bem-sucedida cirurgia no Hospital Militar de Budapeste para a retirada de um fragmento ósseo. Ainda na avaliação do cirurgião do Einstein, as informações iniciais sobre o acidente são favoráveis. Quando o dano é maior, as lacunas de memória e consciência se tornam persistentes.
- Pelo que sabemos, a situação é benigna, o fato de o piloto estar agitado (como relatou seu colega Barrichello) é bom sinal. A questão é verificar se há, por exemplo, hemorragia intracraniana. O grande problema em acidentes desse tipo é que toda a desaceleração (no caso, de quase 200 km/h para zero) é transmitida para o corpo, é um impacto enorme, que até rompe o capacete.
O impacto teve cinco vezes a força de gravidade. Considerando que Massa tem cerca de 60kg, a pancada foi de 300kg. O coma induzido também faz parte dos procedimentos usuais.
- A praxe é induzir uma situação anestésica (fazer o paciente dormir) para deixar as funções neurológicas em repouso. Acordado, pode ter convlusões e dificuldades para respirar.
Seis semanas de molho
Para Dino Altmann, médico oficial do GP do Brasil e da Stock Car, o tratamento de um caso como o de Felipe Massa pode demorar até seis semanas.
- Depende muito de como ele responderá ao tratamento. Normalmente, leva de duas a seis semanas para uma boa recuperação. A superfície de contato é importante na transferência de energia. Quanto menor, mais forte é o impacto. Os capacetes são feitos para resisitir a altíssimas forças. Não só a parte de fora, mas o acolchoamento interno é feito para tentar impedir a transferência de energia para o cérebro. Foi um impacto bastante violento, mas por sorte não atingiu a massa encefálica. (Globo.com)
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