Os comentários do líder interino de Honduras foram feitos em uma coletiva de imprensa, realizada no Palácio Presidencial hondurenho, em Tegucigalpa, nesta segunda-feira.
"Cometeu-se um erro. Definitivamente, é uma decisão que foi tomada por alguns setores, que serão castigados conforme a lei''.
O líder interino não especificou quais seriam os setores responsáveis pela deposição de Zelaya.
O presidente eleito foi afastado do poder no dia 28 de junho, quando um grupo de soldados armados invadiram o Palácio Presidencial, arrancaram-no da cama e o obrigaram a embarcar, ainda de pijamas, para a Costa Rica.
Micheletti já havia dito que não foi ele o responsável pela decisão de expulsar Zelaya, mas nunca havia ameaçado com punição os supostos responsáveis pela ação.
Os comentários do líder interino de Honduras parecem ser mais um sinal da flexibilização que vem marcando os comentários mais recentes tanto dele como de Manuel Zelaya e o esforço de bastidores que vem sendo realizado por diferentes setores da sociedade hondurenha para a obtenção de um acordo que ponha fim ao impasse político no país.
Estado de sítio
Micheletti também anunciou a revogação em definitivo do estado de sítio, que havia sido decretado no último dia 21 de setembro - data em que Zelaya regressou clandestinamente a Honduras e se refugiou na embaixada do Brasil.
Ao comentar sobre a decisão de haver estabelecido o regime de exceção, Micheletti disse que a ação foi tomada por conta da "luta montada com o apoio de Hugo Chávez, o homem que aqui montou uma campanha de ódio, de terrorismo hondurenho".
"Jamais havíamos visto alguém queimando empresas e ônibus e cometendo saques, como se passou nos últimos dias. A decisão de passar esse decreto se deu porque tivemos conhecimento de que estavam planejando adotar mais condutas assim", acrescentou.
O líder interino hondurenho teve a seu lado a congressista republicana pelo Estado da Flórida Ileana Rohs-Letinen, que está em visita oficial a Honduras. A congressista, da ala direita de seu partido, apóia o governo Micheletti e faz críticas ferozes a Zelaya.
Ela pediu que a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e o líder do Senado, Harry Reid, visitem Honduras e conversem com os moradores do país, antes de condenarem o governo interino.
Ainda que Rohs-Letinen não esteja falando em nome de seu partido e, como ela mesma destacou à BBC Brasil, sua visita em Honduras tenha uma caráter estritamente pessoal, por conta do forte isolamento internacional que enfrenta, o governo Micheletti procurou tirar dividendos políticos da presença da deputada, assim como já havia feito com a visita de outra delegação de republicanos direitistas, realizada na semana passada, comandada pelo senador Jim De Mint.
Negociações
Nesta segunda-feira, o arcebispo de Tegucigalpa, cardeal Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, participou de uma reunião com representantes conservadores do Parlamento Europeu e com os candidatos à Presidência de Honduras, no Hotel Real Intercontinental, de Tegucigalpa. A disputa presidencial no país está prevista para o próximo dia 29 de novembro.
O cardeal é um dos nomes mais influentes do catolicismo nas Américas, já tendo sido cotado para suceder João Paulo II, e é um dos principais interlocutores do governo. Pouco após a deposição de Zelaya, Rodríguez Maradiaga apareceu em cadeia televisiva em Honduras pedindo ao presidente eleito que pesasse a sua decisão de regressar ao país, a fim de evitar um banho de sangue.
Ele disse à BBC Brasil que tem havido progressos nas negociações, e que acredita que as duas partes deverão ter um encontro nos próximos dias, ainda que não necessariamente uma reunião com Zelaya e Micheletti em pessoa.
A reunião mantida pelo cardeal nesta quarta-feira contou com a presença do candidato do Partido Nacional, Pepe Sosa, com o candidato da Democracia Cristã, Felícito Ávila e ainda com representantes europeus do Partido Popular da Espanha, os deputados Carlos Iturgaiz e Ignacio Salafranca e com odeputado europeu pela Eslováquia, Alojz Peterle, ex-primeiro-ministro do país. (BBC-Brasil).
2 comentários:
Que vagabundo, esse Micheletti.
Olá, Cumpadi Carlinhos Medeiros!
Esse sujeito não é apenas um vagabundo... é um VAGABUNDO-MOR!!!
Abração!
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