domingo, 22 de novembro de 2009

A lição de Umberto Eco contra o fascismo




O caso Cesare Battisti é, além de um teste privilegiado para se saber se a democracia, no Brasil, já conseguiu efetivamente fincar alguma relação real com a nossa história, uma ocasião que pode nos ensinar, de modo igualmente privilegiado, algumas lições sobre o significado do fascismo, bem como de sua sempre alegada ausência no Brasil e nos dias que correm, mundo afora, como na Itália de Berslusconi. Que a homenagem que o atual ministro da Defesa italiano prestou aos soldados fascistas de Mussolini no ano passado sirva para desfazer enganos quanto à natureza do compromisso democrático do atual Executivo italiano. Um texto memorável de Umberto Eco ilumina este debate.

Há duas palavras cujo uso abundante contrastam de modo radical com seu alto grau de importância: são elas a democracia e o fascismo. Esta última palavra tem frequentado menos o noticiário do que deveria, talvez pense alguém realmente comprometido com a democracia. Já a palavra democracia abunda tanto como se esvazia de qualquer relação com a realidade, sobretudo na perspectiva monolítica da imprensa das grandes famílias do Brasil. O caso Cesare Battisti é, além de um teste privilegiado para se saber se a democracia, no Brasil, já conseguiu efetivamente fincar alguma relação real com a nossa história, ocasião que pode nos ensinar, de modo igualmente privilegiado, algumas lições sobre o significado do fascismo, bem como de sua sempre alegada ausência no Brasil e nos dias que correm, mundo afora, como na Itália de Berslusconi.

Carta Maior decidiu pela democracia desde o seu nascimento. E é esse compromisso que nos faz remeter o extraordinário texto de Umberto Eco, sobre o "Ur-Fascismo", produzido originalmente para uma conferência proferida na Universidade Columbia, em abril de 1995, numa celebração da liberação da Europa. Talvez algum desaviso leve alguém a suspeitar que a comparação ou o mero uso do termo fascismo, para acusar os algozes de Battisti, no imbróglio da extradição seja exagero, um despropósito histérico e paranóico. Que a homenagem que o atual ministro da Defesa italiano prestou aos soldados fascistas de Mussolini no ano passado sirva então para desfazer enganos quanto à natureza do compromisso democrático do atual executivo italiano.

Se não, que esta aula magna sobre a história conceitual e social do fascismo possa servir como registro da importância de não se brincar com palavras, para esvaziar seu sentido, sacrificando vidas e rompendo com a verdade. Uma boa leitura.

Para ler o texto de Umberto Eco na íntegra, clique AQUI


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