Mauro Carrara solta o verbo no artigo que publico a seguir. Ele critica um proprietário de jornal de São Paulo que, segundo ele, "colaborava com os torturadores e assassinos empregados pelo Regime Militar."
O Mauro Carrara diz mais: "esse elemento nunca dormiu num banco de concreto atrás das grades, nunca comeu feijão estragado, tampouco tomou sofreu em sessões de eletrochoque. Impune, pôde educar seu herdeiro para a iniquidade. Criou um lagarto de rasteiro caráter, invejoso e fraco, capaz de valer-se da calúnia e da difamação para atingir seus objetivos. Esse dublê de jornalista, falso intelectual, despreza a lei e escarra nos mais básicos códigos de civilidade."
Tenho impressão que o artigo de Mauro é uma espécie de resposta ao artigo do "Cesinha" publicado no esgoto, digo, na "Folha de S. Paulo". Só não entendi bem a quem ele se refere quando fala em "lagarto de rasteiro caráter"?
Alguém entendeu?
Ao fim do texto, ele cita "oito verdades". Trata-se, certamente, de uma ironia do Mauro. Ele lista casos tão absurdos como o tal "abuso" que a "Folha" atribuiu ao presidente da República? Só pode ser.
Leiam o artigo na íntegra. Cabe-me fazer como a "Folha": as informações não podem ser comprovadas, mas também não podem ser descartadas...
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Muita gente inocente dormiu na cadeia. Uma dela foi o capitão Alfred Dreyfus.
Em 1894, o jovem oficial da artilharia francesa foi condenado à prisão perpétua. O motivo: a suposta revelação de segredos militares aos alemães.
Dreyfus era inocente. Dois anos depois, comprovou-se que o culpado era Ferdinand Esterhazy, um major do exército francês.
Mas Dreyfus continuou detido. Foi acusado novamente, com base em falsos documentos produzidos por um oficial da contra-inteligência, Hubert-Joseph Henry.
A campanha de calúnia tinha como um de seus principais líderes um jornalista, Edouard Drumont, publisher do La Libre Parole, uma publicação claramente identificada com o anti-semitismo.
Dreyfus contou, sobretudo, com a defesa apaixonada de Émile Zola, cujo artigo "J'accuse", no L'Aurore, foi fundamental para colocar às claras a farsa oficial reacionária.
Em 1906, depois de longa luta, Dreyfus foi reabilitado. Jamais foi indenizado pelos anos na cadeia.
Muitos criminosos, entretanto, jamais passaram perto do cárcere.
É o caso, por exemplo, do proprietário de jornal que, em São Paulo, colaborava com os torturadores e assassinos empregados pelo Regime Militar.
Esse elemento nunca dormiu num banco de concreto atrás das grades, nunca comeu feijão estragado, tampouco tomou sofreu em sessões de eletrochoque.
Impune, pôde educar seu herdeiro para a iniquidade.
Criou um lagarto de rasteiro caráter, invejoso e fraco, capaz de valer-se da calúnia e da difamação para atingir seus objetivos.
Esse dublê de jornalista, falso intelectual, despreza a lei e escarra nos mais básicos códigos de civilidade.
A acusação a Lula no episódio "estupro" agrega mais uma nódoa à ficha do empresário canalha da desinformação. O interesse? Derrubar a candidatura daquela que rotularam de terrorista.
A imprensa paulistana poderia citar oito verdades, ou não, por elegância:
- que o tal Benjamin não merece a confiança dos próprios parentes, tido como vil, traiçoeiro e dado a mentir por capricho;
- que o próprio publisher golpista assediava jovens rapagões no ambiente profissional;
- que a companheira ocasional do tal o ridicularizava entre as mesas da redação, apontando nele a psicopatia violenta e a ausência da virilidade;
- que a malta reacionária de "Óia" pratica todo tipo de perversão, a exemplo do capo que se diverte excentricamente nos hotéis engordurados do Centro paulista, e que carrega o trauma de um largo pepino resistente;
- que o augustíssimo articulista de "Óia", tão interessado no elogio a Benjamin, imita a Arno e aspira o pó nos banheiros das redações que dirige;
- que o major tucano carateca do golpe é o mesmo que aprecia "carnes novas" e livrou seu comparsa amazonense da CPI da Exploração do Menor;
- que um ex-presidente da República esconde seus rebentos por aí, em esquemas pagos pelos barões da mídia monopolista;
- que o tal repórter do niuiorquitaimes brincava lascivamente com jovens índias na Amazônia.
O fim de novembro poderia brindar o país com celas frias para quem realmente merece.
Uma sombria para o Edouard Drumont paulistano, por exemplo.
Outra imperial ao canalha ressentido e desqualificado. Pois se dá a Cesar o que é de Cesar.
Mas o que esperar da suprema justiça? Lá no alto, pois, vale mais o mimo dantesco.
E o honesto Dreyfus, aqui, continuaria detido pelo resto da vida.
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