sábado, 9 de janeiro de 2010

O direito de ser escravo


Gilson Sampaio

Kátia demo feudal Abreu, dublê de senadora e presidente da poderosa Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária - CNA, voltou à ribalta e em grande estilo.

Destemperada como sempre, vociferou que o Plano Nacional de Direitos Humanos é um atentado ao estado de direito e à democracia que o agrobiz dá sustentação. Se cinismo fosse commoditie, o Brasil já teria atingido números na exportação superiores ao da China.

Uma das maiores produtoras de álcool e açúcar do mundo, a CONSAN foi incluída na lista suja do trabalho escravo e viu suas operações com o BNDES suspensas. Também suas vendas para a Wal-Mart foram suspensas e suas ações caíram no Bolsa de São Paulo e de Nova Iorque. Isso é preservação do estado de direito e da democracia.

Tomar a terra do agricultor também é uma patriótica demonstração de preservação do estado de direito e apreço à democracia.

Dos 1600 assassinatos no campo, menos de 1O assassinos estão presos. Chico Mendes, Irmã Dorothy, fiscais do INCRA em Unaí e Massacre de Corumbiara são alguns dos mais famosos. Isso sim é defender o estado de direito e a democracia.

A Cutrale, aquela fazenda grilada que teve 7 mil pés derrubados, está sob a acusação de formação de cartel. Junto também está a Citrovita do patriota Grupo Votorantim do também patriota Antonio Ermírio de Moraes. Antes que algum apressadinho saia gritando que é revanchismo, para usar uma palavra da moda, a Operação Fanta teve início em 2006. Eis um acabado exemplo de respeito pelo estado de direito e pela democracia.

A senadora Kátia demo feudal Abreu é contra os direitos humanos no campo e defende que escravagistas rurais não tenham suas terras confiscadas para reforma agrária. Também defende que terras griladas sejam legalizadas.

Estado de direito, direitos humanos e democracia são conceitos que essa gente forja em benefício próprio, bem diferente daquele que aponta para evolução humana e para a fraternidade que o mundo civilizado apregoa.

2 comentários:

no disse...

A Reforma Agrária nasceu na teoria com o Código da Terra e nunca foi feita. Demagogicamente foi até iniciada para evitar uma luta que vem crescendo.
Você deve saber que a palavra "cultura" nasceu do termo alusivo a cultivar a terra.
Direito a ser escravo só pode ser uma ironia. Quem pode querer um direito desses? Mas, o passarinho preso a muitos anos fica ali na porta da gaiola aberta e não sai para fora dessa. Não sabe ser livre. Sabemos ser livres? tz tz...

Profdiafonso disse...

De fato Ruth, o título é extremamente irônico. Basta notar que o autor reafirma isso no último parágrafo. A metáfora do passarinho é interessante, entretanto, o bichinho se acostuma à prisão por perder a capacidade de viver sua natureza livre, já o homem tem o poder de intervir na sua própria liberdade em comunhão com outros que defendem a liberdade.

Abs!

ps. Eu fico doente com quem prende pássaros... Dá-me uma tristeza imensa.

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