sábado, 13 de fevereiro de 2010

DESPERTAR É PRECISO!

No Caminho, Com Maiakóvski
(Eduaro Alves da Costa)

Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de me quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas manhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.
Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.
Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.
E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!


3 comentários:

zcarlos disse...

Cumpadi DiAfonso... eta cabra porreta. Acertou na mosca com Maiakóvski.
Um abraço, tenha um bom sábado de carnaval no Galo e, se possíver, dê uma vaia no ZéPedágio/Alagão/Vampiro etc, etc, como quer que você o queira chamar.

Profdiafonso disse...

Adianta, Cumpaadi, ZCarlos! Bom dia!

Não vou ao Galo da Madrugada, pois estou com a neném um pouco adoentada (os dentes que estão querendo nascer) e e estou com uma tendinite da mulesta, além de estar com a garganta inflamada. Pense...! rsrs

O poema postado pela minha cumadi Suzana e pelo meu cumpadi Saroba, do Guerrilheiros Virtu@ais, é, na verdade de autoria de Eduardo Alves da Costa. Resolvi postá-lo na íntegra!

Grande Abraço!

ps. Se possível, publique o vídeo que produzi do galo no seu excelente Com Texto Livre.

Profdiafonso disse...

Ah... Se descobrirem que o Serra está no Galo da Madrugada... Vai prestar, não... Ele vai pegar em "bomba chiando"... Aqui é Dilma! rsrsr

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