Indicado para uma cadeira no Superior Tribunal Militar (STM), o general Raymundo Nonato de Cerqueira Filho disse ontem que as Forças Armadas não devem aceitar a presença de gays e sugeriu que eles procurem outras atividades longe dos quartéis. Ele afirmou ainda que a tropa se recusaria a acatar ordens de um homossexual. As declarações foram dadas na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que aprovou sua nomeação para a corte que julga processos contra militares.
Na mesma sabatina, o almirante Álvaro Luiz Pinto, outro futuro ministro do STM, disse tolerar a companhia de gays, mas desde que eles mantenham a “dignidade da farda”. Como membros do STM, os dois atuarão em casos como o dos sargentos presos em 2008 após assumirem uma relação homoafetiva.
Referindo-se aos gays como “indivíduos desse tipo”, Cerqueira Filho disse que eles não inspirariam respeito: “O indivíduo não consegue comandar. A tropa fatalmente não vai obedecer. Isso está provado. Não é que o indivíduo seja criminoso, e sim o tipo de atividade. Se ele é assim, talvez haja outro ramo de atividade que ele possa desempenhar”.
O oficial admitiu a existência de gays nos quartéis, mas disse que eles só devem ser aceitos se mantiverem a opção sexual em segredo: “Sabemos que existem, mas não sabemos quem. Se ele mantém a dignidade, honra sua farda e não há conhecimento oficial, não vejo problema. No entanto, não é compatível um indivíduo assim com o trabalho nas Forças Armadas”.
Ele ainda disse apoiar a prisão dos ex-sargentos Laci Marinho de Araújo e Fernando Alcântara de Figueiredo, que admitiram relação homoafetiva: “Os casos que ocorreram estavam virando indisciplina”.
O almirante Pinto disse não se opor à presença de gays, mas impôs condições: “Não tenho nada contra, desde que mantenham a dignidade da farda, do cargo e do trabalho. Se ele manter (sic) sua dignidade, sem problema nenhum. Se for indigno disso, ferindo a ética, aí eu não seria a favor”.
Os militares não foram contestados na sabatina. Mais tarde, o presidente da CCJ, Demóstenes Torres (DEM-GO), comentou: “Eles foram sinceros, mas mostraram preconceito e predisposição para condenar. Cobrar dignidade de gays é dizer que o homossexualismo é indigno”.
Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o chefe do Estado-Maior, almirante Mike Mullen, defenderam a presença de gays nas Forças Armadas dos EUA.
Comentário da editoria-geral do Terra Brasilis:
General Cerqueira, não é a "masculinidade" estereotipada que gera respeito: isso beira a autoritarismo. O competente e ético exercício das funções, ao contrário, é que cria um ambiente respeitoso: isso é construção da autoridade. São concepções diferentes numa sociedade em que o reconhecimento das diferenças é imperativo, sr. general.
Observação: Do ponto de vista da elaboração frasal e de uma possível descontextualização, o título da matéria aponta para uma ambiguidade: poder-se-ia entender que o general envidenciara sua discriminação numa sabatina em que gays estivessem presentes.
2 comentários:
Olha, é preocupante como o um ministro de Tribunal cobsegue violae com tanta contundência a Constituição Federal. Um cidadão que pensa como o ministro Raymundo não poderia estar numa Corte!
É um comportamento prá lá de homofóbico, professor. Se ele não quer ser gay é bom se tratar logo antes que sofra a transformação e se apaixone por algum dos seus subordinados.
Homosexualismo é uma coisa. covardia é outra.
Homosexualismo é uma coisa. tara é outra.
Homosexualismo é uma coisa. preconceito é outra.
Homosexualismo é um direito. Autoritarismo é imposição.
Do ponto de vista do resguardo à privacidade o autoritário é capaz de invadir o domicílio alheio para ver se o sujeito se masturba, se pratica o homosexualismo ou qualquer forma de sexo sem violência para acusá-lo. Mas, são estes mesmos autoritários que costumam violentar jovens de todos os sexos, independendo do fato de serem homo ou heterosexuais, questão de mero detalhe.
Um abraço!
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