Passados 46 anos do golpe militar de 64, um general da ativa, Maynard Marques de Santa Rosa, afirmou que a comissão da verdade, criada pelo governo para investigar crimes contra os direitos humanos durante a ditadura militar (1964-1985), seria formada por "fanáticos" e viraria uma "comissão da calúnia". Em que mundo viveu esse general após o fim da ditadura militar? Ele não sabe o que aconteceu no Brasil durante a ditadura, ele não sabe das torturas, dos assassinatos nos órgãos de repressão, dos cemitérios clandestinos, do esquadrão da morte do Fleury Paranhos? Ele não sabe que centenas de pessoas inocentes foram cruelmente torturadas e mortas? Ele não sabe das perseguições políticas a jornalistas, professores, advogados, religiosos, políticos, estudantes, obrigando as pessoas a pedir asilo político em outros países? Pessoas que tiveram que deixar suas famílias, empregos, estudos, para se manterem vivas? Ele não sabe que há centenas de pessoas desaparecidas, que foram mortas por militares e policiais e enterradas em local desconhecido, e que há famílias procurando seus mortos para um enterro digno até os dias de hoje? Se esse general tem medo da verdade, deve ser porque estava, ele também, nos porões da ditadura, torturando e assassinando pessoas contrárias à ditadura militar, contrárias à censura, às torturas, às injustiças sociais. Só essa condição explicaria o absurdo que escreveu e tornou público. O general Santa Rosa é dissimulado, é preciso não ter vergonha na cara para defender os crimes praticados na ditadura. Foi exonerado do cargo a pedido do próprio comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, que disse que não é essa a posição do Exército, e pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim. Deveria perder a patente, ser expulso do Exercito. Não há mais lugar no Brasil para um servidor público que, em plena função do cargo, defende a barbárie que ocorreu no país de 1964 a 1984. Crie vergonha na cara, general Santa Rosa, e peça para sair.
Jussara Seixas (Co-editora do Terra Brasilis)
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