Brasília - O reinício das negociações comerciais entre a União Europeia e o Mercosul representa um dos fatos mais significativos dos últimos anos no cenário internacional, até porque os investimentos entre os dois blocos são maiores do que os negócios realizados pela Europa com a Índia, a China e a Rússia, em conjunto.
A opinião é do embaixador da Espanha no Brasil, Carlos Alonso Zaldívar, que na tarde de hoje (13) conversou com jornalistas em sua residência oficial. Segundo o embaixador, a decisão política que oficializa a retomada das negociações será formalizada na tarde do próximo dia 17, em Madri, durante a reunião preparatória da cúpula entre a União Europeia, a América Latina e o Caribe.
Carlos Zaldívar afirmou que não é possível, ainda, especificar quais setores serão beneficiados pelos acordos que serão assinados durante a Cúpula de Madri. A definição ficará a cargo das delegações comandadas pelos 60 chefes de Estado e de governo que são esperados na capital espanhola.
Perguntado sobre a conveniência de uma reunião desse porte no momento em que a União Europeia vive uma crise econômica sem precedentes, Zaldívar disse que os benefícios dos acordos que deverão ser assinados entre os dias 17 e 19 de maio, em Madri, não devem ser analisados sob o ponto de vista de resultados imediatos mas de um futuro próximo, quando as consequências da crise estiverem superadas.
Segundo o embaixador espanhol, a realização de investimentos, mesmo em momentos de crise econômica, é um instrumento importante para a consolidação das relações comerciais entre os países. Zaldívar afirmou que este é o caso do Brasil e da Espanha. Há 15 anos o Brasil recebe investimentos espanhóis, que foram reduzidos mas não eliminados durante a crise mundial de 2008/2009. Após a superação dos efeitos da crise, a Espanha continuará investindo no Brasil.
O embaixador espanhol também comentou a participação do presidente de Honduras, Porfírio Lobo, na Cúpula de Madri. O anúncio de que Lobo participaria do encontro provocou mal-estar entre os países da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), que se reuniu em Buenos Aires no último dia 4. A grande maioria dos países sul-americanos não reconhece o governo de Lobo, como é o caso do Brasil, uma vez que não o considera legítimo.
Porfírio Lobo sucedeu a Manuel Zelaya, retirado do poder em 28 de junho do ano passado, por decisão da Justiça e do Congresso hondurenhos. Zelaya foi acusado de ferir a Constituição do país ao convocar assembleia constituinte para reformar artigo constitucional que permitiria sua reeleição ao cargo.
Segundo o embaixador espanhol Carlos Zaldívar, o presidente Porfírio Lobo aceitou participar apenas do último dia da Cúpula de Madri, porque não deseja criar dificuldades para o encontro dos demais presidentes sul-americanos que não reconhecem seu governo. Zaldívar afirmou que a Cúpula de Madri não abrirá espaço para discutir a situação em Honduras, mesmo que o governo espanhol considere que Manuel Zelaya deva ser anistiado para retornar a seu país em condições seguras.
O embaixador espanhol disse que seria "uma grande surpresa" se algum presidente sul-americano sugerisse qualquer tipo de debate em torno de Zelaya e Honduras. "Se eventualmente o ex-presidente hondurenho [Manuel Zelaya] aparecer em Madri, ele não participará da Cúpula porque não foi convidado", afirmou.
Zaldívar também informou que o primeiro-ministro espanhol, José Luís Zapatero, estará no Brasil no dia 27 de maio mas não virá a Brasília. Ele terá uma reunião reservada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Rio de Janeiro, durante o encontro da Aliança das Nações.
Agência Brasil
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