domingo, 11 de julho de 2010

BURBURINHO DESVENDA SEGREDOS DO CASEIROGATE


Quem é Stanley Burburinho? diria Paulo Henrique Amorim. Eu lembro o Stanley da época em que comentávamos com freqüência no Blog do Noblat, assim como lembro do daSilvaEdison, Julio Falcão, Jussara Porto e outros que entre 2004 e 2006, defenderam o contraditório em um blog onde a audiência sempre foi esmagadoramente anti-lula e anti-PT.
Hoje, Burburinho é uma das principais fontes de informação de jornalistas independentes e consagrados como Luis Nassif, Paulo Henrique Amorim e Luis Carlos Azenha, fuçando informações e registros auxiliando esses profissionais. Se Burburinho já desmascara factóides e descobre tanta coisa interessante de forma independente, imaginem se tivesse por trás dele a infra-estrutura que tem um grande jornal ou um canal de televisão.
Burburinho esmiuçou o caso do caseirogate, que foi o estopim para a saída de Antonio Palocci do governo. Na época ele era o principal ministro do governo Lula e o mais cotado para sucedê-lo. O motivo da sua saída foi por ter supostamente autorizado a quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo, que na época era a principal testemunha das acusações movidas pela oposição. A acusação que pesou na época contra Palocci, e o fez pedir ao presidente Lula para demiti-lo, era o de fazer festas particulares e reuniões com lobistas em casa alugada em Brasília.
Para relembrar o caso: A revista Época, da Editora Globo, publicou matéria em que divulgava que o Caseiro teria recebido uma quantia de R$ 30.000,00 às vésperas do seu depoimento na CPI que apurava o caso. O PT acusou o Caseiro de vender o depoimento. A oposição alegou que o caseiro teria recebido a quantia de seu pai biológico, político do DEM, e que seria apenas uma “coincidência” a transferência ser feita nessa época.
A desculpa do pai biológico foi rapidamente assumida pela imprensa que passou a pressionar pela apuração do vazamento dos dados do caseiro, que teria sido feita para a revista época. Cabe lembrar que apurar depósitos em que o COAF tenha sinalizado ser operação atípica é função dos bancos e da autoridade financeira, o crime consistia em vazar esses dados para a imprensa. A acusação rendeu a Palocci a perda do cargo de ministro e um processo pelo qual foi absolvido por falta de provas.
Os personagens
Segundo informações apuradas por Stanley Burburinho e nos passadas gentilmente pelo próprio através do twitter, existem dois personagens chaves nessa trama que até aqui pouco ou nada apareceram:
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Marcelo Netto – o Vazador
Marcello Neto, foi casado com a jornalista Míriam Leitão da Globo. Foi ainda assessor de deputado do PSDB e é ex-diretor da Globo em Brasília. Na época do Caseirogate ele era assessor de imprensa de Antonio Palocci. Por conhecer suas origens foi poupado do noticiário que mirou o ex-ministro e o presidente da CEF, Jorge Mattoso.

Matheus Leitão – o receptor
Matheus Leitão, filho de Marcelo Netto com a jornalista Míriam Leitão, foi o responsável pela divulgação dos dados sigilosos na revista época para a qual trabalhava na ocasião.
Agora vejam como funciona uma família unida:
Papai descobre a informação sobre a movimentação atípica do caseiro, subtrai a prova e a entrega de bandeja para o filhinho transformar em matéria jornalística, o furo que o filhinho precisa para a sua carreira decolar e ao mesmo tempo consegue sabotar quem lhe deu ocupação, transformando uma operação normal em uma ilegalidade.
O filhinho conclui a violação e publica os dados protegidos por sigilo. Eram os cinco minutos de fama que esperou a vida toda. Uma matéria que teria certamente uma repercussão enorme.
Só faltava a mamãe que apareceu para eximir de culpa o ex-marido, que afinal de contas, tinha dado um presentão para o filhão com o furo jornalístico, ao mesmo tempo que tinha fornecido munição para a imprensa contra Palocci, o homem que poderia derrotar Serra em 2010. Para completar, Mamãe desanca o “aparelhamento” capaz de violar o sigilo de um pobre caseiro que, afinal de contas, não tem culpa da coincidência de receber tamanha generosidade de pai vivo justo na véspera de depoimento tão importante.
O ponto que fecha a costura desse caso é o fato do caseiro processar apenas a Editora Globo, responsável pela edição da Época. A justiça já sabe quem são os verdadeiros responsáveis pelo vazamento – como dito antes, autoridades acessarem os dados protegidos por sigilos não é crime, os repassar para divulgação, sim – e o desinteresse da imprensa com o desenrolar dos fatos mostra que o resultado pode não agradar quem mais se aproveitou desse caso.
A mudança e postura é evidente. Há pouco tempo atrás qualquer matéria da velha mídia que citasse o Palocci carregava um copia e cola com o histórico do caso caseirogate. Não consigo mais perceber qualquer citação ao caso quando Palocci é citado em matéria jornalística por participar da campanha de Dilma.
É certo também que o ex-ministro precisa escolher melhor suas equipes e trabalhar com pessoas de confiança. Acho que os maiores defeitos de Palocci são tentar mostrar o tempo todo que é moderado, tentar agradar sempre que pode o mercado financeiro e a imprensa e flertar com tucanos. Ele mais do que ninguém deveria saber que o bom relacionamento com a imprensa não o salvou na hora que tiraram seu tapete e ele foi massacrado pelos mesmos que antes lhe distribuíam sorrisos.

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