O governo argentino apresentou nesta terça-feira denúncia contra os donos dos maiores jornais do país, Clarín e La Nación, por homicídio e cumplicidade em crimes de sequestro e tortura cometidos durante o governo militar (1976-83).
Os crimes teriam sido cometidos contra a família Graiver, proprietária à época da empresa Papel Prensa, que fornece 70% do papel jornal do país.
No mês passado, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner havia acusado os donos dos jornais de terem comprado a empresa de forma irregular e em cumplicidade com o regime militar.
Nesta terça-feira, o secretário de Direitos Humanos da Argentina, Eduardo Luis Duhalde, entregou denúncia de "crime contra a humanidade" e "apropriação indevida" da empresa Papel Prensa contra os donos dos jornais Clarín, Ernestina Herrera de Noble e Hector Magnetto, e do La Nación, Bartolomé Mitre, além de militares que governaram o país na ditadura.
Duhalde pediu que eles sejam "investigados" e "indagados" por possíveis crimes.
Resposta
Os jornais afirmam que a compra da empresa foi realizada legalmente quando a família estava em liberdade, em novembro de 1976 e acusam o governo de tentar "exercer o controle sobre a imprensa independente".
Após a apresentação da denúncia nesta terça-feira, os jornais emitiram um comunicado no qual afirmam que esta seria uma "aberração moral e jurídica, carente de sustentação dos fatos".
Os veículos dizem ainda que "o governo continua insistindo em mentir, em reescrever a história e manipular os direitos humanos como ferramenta de perseguição e represália".
A assessoria de imprensa da Secretaria de Direitos Humanos da Argentina disse à BBCBrasil que a decisão sobre "o pedido de prisão caberá à Justiça".
As disputas entre o governo e os jornais se intensificaram este ano. Por pedido do governo foi aberta uma investigação judicial para determinar se os filhos da dona do Clarín, Marcela e Felipe, seriam filhos de desaparecidos políticos durante a ditadura (1976-1983).
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Da BBC Brasil
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