Comentário da editoria-geral do Terra Brasilis
Devido às minhas últimas e inadiáveis atividades - esse o motivo de meu relativo sumiço da Blogosfera, via o Terra Brasilis -, só agora tive tempo de ler a entrevista que a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, concedeu à revista ISTOÉ. Um trecho dessa entrevista me chamou a atenção e, pelo que entendi - talvez tenha lido de forma equivocada e isso é uma possibilidade - ela cometeu um deslize ao, em tom interrogativo, ter proferido o que se acha estampado na imagem acima. Reproduzo, abaixo, trecho da entrevista e meus paralelos comentários.
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ISTOÉ – Mas o fato de seu filho se relacionar, trabalhar e prestar consultoria a empresários que têm interesse em negócios com o governo não pode ser considerado tráfico de influência?
Erenice – A sociedade precisa refletir sobre essa questão. Depois que uma pessoa passa a exercer cargo público, seus filhos devem parar de se relacionar, trabalhar e ter amigos? (Não, senhora Erenice Guerra.) Ou as pessoas com quem ele se relaciona previamente precisam apresentar currículo para dizer o que fazem? (Não, senhora Erenice Guerra.) E se essa pessoa for um empresário? Ele tem que ser, a priori, já eliminado do seu círculo de relações, pois eventualmente, no futuro, pode vir a participar de uma licitação e eu, como estava ocupando uma pasta muito ampla, teria teoricamente influência sobre qualquer área? (Não, senhora Erenice Guerra.) O que será dos meus filhos e dos meus parentes? Terão todos que viver à minha custa, pois não poderão trabalhar e se relacionar? (Não, senhora Erenice Guerra.)
Agora, muito me preocupa essa chamada à reflexão que a senhora fez e a forma como a conduziu na última intervenção interrogativa. "O que será de [meus] filhos e de [meus] parentes ?" Ora, senhora Erenice Guerra, isso é um problema que eles devem resolver, pois já são grandinhos! O cidadão comum vive essa aflição do que será de seus filhos e de seus parentes, qual o problema?!?! Argumentar dessa forma é oferecer dados para que se confirme que havia tráfico de influência no ambiente em que a senhora era um agente público (ainda que, nesse caso, por indicação de confiança). Os seus filhos e parentes não têm que viver à sua custa, senhora Erenice Guerra. Eles têm que trabalhar como todo cidadão comum faz. Eles têm que estudar e prestar concurso público (caso queira ingressar na esfera das instituições que assim são denominadas) ou conquistar outros espaços por méritos próprios, porquanto, como já disse, são bem grandinhos. E, eticamente, não deveriam estar em postos por indicação de A ou de B. A senhora pode não tê-los indicados como ocupantes de cargos comissionados (embora isso seja uma prática), mas alguém o fez em deferência à sua posição. Isso não tira o desmérito de tal ação, pelo contrário, fere a ética. E, por fim, eles - os seus filhos e parentes - não devem deixar de se relacionar com quem quer que seja, desde que atenda a saudáveis laços interpessoais. É dessa forma que o cidadão comum, ético e cumpridor de seus deveres age, senhora Erenice Guerra. Lamento dizer que esta sua indagação foi de uma infelicidade sem par.
2 comentários:
Cumpadi, longe de mim querer defender erenice, não aprovo a contratação de parentes e amigos por prestígio, mas acredito que no contexto da entrevista ela quis dizer que não pode sustentar os filhos enquanto servidora pública, ou seja, não pode impedir dos filhos tenham seus próprios negócios e fiquem debaixo da sua asa. Pessoalmente, não sei se o Israel tem alguma culpa do cartório ou está apenas sendo perseguido por ser o filho do ex-braço direito de dilma, mas se ele tentava conseguir negócios prometendo "fazer chuva" coloca em xeque o argumento dela, pois filho de servidor pode ter seu próprio negócio, só não é adequado fazer lobby...essa é a minha opinião. Abraços.
Olá, cumpadi LEN!
Talvez eu não tenha me feito entender bem... Êta! O que foi que eu escrevi? rsrsr Quero dizer que talvez algum ponto do comentário tenha ficado obscuro.
Mas eclarecendo:
Fiz uma espécie de radiografia do que não se deve fazer no serviço público quando se tem a projeção que a ex-ministra teve, e ainda tem: permitir que filhos e parentes sejam indicados para cargos de confiança no governo (em qualquer esfera), pois isso deixaria claro o tráfico de influência, direta ou indiretamente (por que não me nomearam, então?). Um outro ponto, diz respeito à concordância que faço com os repetidos "NÃO, SENHORA ERENICE GUERRA)e, sobretudo, ao período final do comentário: "Lamento dizer que esta sua indagação foi de uma infelicidade ímpar". Alie-se a isso o que foi dito anteriormente:"Argumentar dessa forma é oferecer dados para que se confirme que havia tráfico de influência no ambiente em que a senhora era um agente público (ainda que, nesse caso, por indicação de confiança)."
De modo, cumpadi, que o artigo focou a reflexão no que ela disse, segundo a ISTOÉ. Se tivesse ficado calada e não proferido o que proferiu, talvez não houvesse suspeitas de tráfico de influência.
Grande abraço, cumpadi!
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