terça-feira, 19 de outubro de 2010

Líderes do PT entram com pedido para investigar Serra e Paulo Preto

Os líderes do PT na Câmara Cândido Vaccarezza (SP) e Fernando Ferro (PE) entraram com pedido de investigação contra ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) Paulo Vieira de Souza e contra o candidato presidencial José Serra (PSDB). As representações foram protocoladas nesta terça-feira (19) na PGR (Procuradoria Geral da República). Conhecido como Paulo Preto, o ex-diretor da Dersa é acusado de desviar R$ 4 milhões da campanha de Serra.
Na representação, Vaccarezza e Ferro pedem a investigação de Paulo Preto com base na confissão que ele teria feito na imprensa de que usou para a campanha de José Serra parte do dinheiro da construção do Rodoanel de São Paulo – obra pela qual ele era responsável e que custou cerca de R$ 5 bilhões aos sofres públicos.
- Nossa representação tem um fato concreto, que é a confissão na imprensa do Paulo de Souza. [...] Ele confessou que se utilizou das obras do Rodoanel e do metrô que ele dirigia para fazer negócios e levantar recursos [para a campanha tucana]. Além disso, há sinais claros de enriquecimento ilícito.
À imprensa, Souza teria dito que “ninguém no governo deu mais condições para empresas apoiarem com mais recursos a campanha de Serra” do que ele próprio, segundo afirmou Vaccarezza.
A segunda representação, de autoria do deputado federal Paulinho da Força (PDT-SP), pede investigação não apenas de Souza, mas também de José Serra e de Aloysio Nunes (recém eleito senador pelo PSDB). Além de ser amigo pessoal, Nunes teria levado Souza ao cargo de assessor especial da Presidência no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Em entrevista na última segunda-feira (18) ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Nunes rejeitou as acusações, mas confirmou que é amigo pessoal de Paulo Preto. Ele também admitiu que recebeu R$ 300 mil de empréstimo do ex-diretor da Dersa e declarou que já o quitou.
Inicialmente, a intenção de Paulinho da Força era pedir a quebra de sigilo telefônico dos três, mas, segundo o deputado, os advogados ponderaram e decidiram pela investigação por enriquecimento ilícito, formação de caixa dois e improbidade administrativa.
- É preciso que a população saiba o que aconteceu com o dinheiro público. [...] As informações que nós temos é que muito mais dinheiro sumiu da campanha do Serra. Agora, esse dinheiro que sumiu não é dinheiro do Paulo Preto. É dinheiro público, de obras. Portanto, precisa ser investigado.
Como nenhum dos três investigados (José Serra, Aloysio Nunes e Pedro de Souza) tem foro privilegiado – pois não desfrutam de cargos eletivos – é provável que, após análise, o procurador-geral da República envie as representações ao Ministério Público Federal de São Paulo, onde terão continuidade as investigações. Não há prazo para que a PGR encaminhe os processos.
A denúncia passou a fazer parte da campanha depois que a presidenciável do PT, Dilma Rousseff, levantou a polêmica no primeiro debate com seu adversário neste segundo turno, transmitido pela Rede Bandeirantes. O PT passou a explorar a acusação contra o ex-assessor de Serra como estratégia para proteger Dilma das denúncias de corrupção envolvendo sua principal ex-assessora, a ex-ministra-chefe da Casa Civil Erenice Guerra.
Ao recorrer ao Ministério Público, o PT repete estratégia amplamente utilizada pelos tucanos durante a campanha, em que eles protocolaram vários pedidos de investigação das denúncias de tráfico de influência na Casa Civil contra Erenice Guerra, veiculadas pela imprensa.
Ainda ontem, a oposição fez nova investida ao Ministério Público: decidiu pedir a investigação das recentes denúncias que têm como alvo Valter Luiz Cardeal, presidente do Conselho de Administração da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica. Reportagem da revista Época afirma que uma empresa subordinada à Eletrobras teria sido usada para concessão de garantias de empréstimo externo para empresa privada de forma fraudulenta, o que o governo nega.
Do R7

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