BRASÍLIA - A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, negou nesta terça-feira que esteja fazendo uma campanha mais agressiva no segundo turno, quando comparado com o primeiro. Segundo ela, a campanha está mais assertiva, entre outros motivos porque agora são apenas dois candidatos.
- Eu não usaria a palavra agressiva, eu acho que mais assertiva. Agressiva ela (a campanha) esteve no primeiro turno, quando houve a campanha de boatos e quando as pessoas que acusavam não apareciam - disse a candidata, em referência aos boatos que se espalharam pela internet apontando-a como defensora de ideias - a descriminalização do aborto, por exemplo - avessas ao eleitorado cristão conservador.
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, um dos coordenadores da campanha de Dilma, defendeu que não houve mudança na tática da campanha, mas um revide aos ataques. Segundo Dutra, a campanha de segundo turno "agora vai reagir".
- Não há uma mudança na tática. O que nós decidimos é que não vamos aceitar calados os ataques. Eles têm uma campanha na televisão, onde fazem o debate político, e ao mesmo tempo no submundo, no subterrâneo, têm uma campanha com argumentos absolutamente medievais - disse Dutra.
Para o presidente do PT, a posição mais firme de Dilma não vai prejudicá-la nesta campanha. Para ele, o fato de liderar as pesquisas de intenção de voto não implica que a petista deva aceitar "calúnias" contra ela.
- A campanha mudou. Está saindo do primeiro turno, que é um quadro com muitos candidatos, que dificilmente conseguem um processo de esclarecimento, com debates mornos, sem confronto das propostas. No segundo turno ficam dois candidatos, um na frente do outro, olho no olho, em que as propostas têm que ser claras.
Dilma negou também ter atacado a família do adversário José Serra (PSDB), dizendo que é ela a atacada pela campanha rival.
- Eu fui atacada de forma clara. Quem botou claro que eu estava sendo atacada foi a própria imprensa, que registrou em todos os jornais um mês atrás a fala da senhora Mônica Serra contra mim. Não era uma fala suave, era que a Dilma era a favor de matar criancinhas. De fato, um absurdo notório. Eu não acusei ninguém de nada. Eu constatei que o que vocês noticiaram está gravado.
As declarações de Dilma foram dadas durante evento em que comemorou o Dia das Crianças, em Brasília, no qual também abordou temas relativos à infância. Ela voltou a defender a proposta de criar 6 mil creches se eleita. Isso, segundo ela, criará condições para facilitar o aprendizado quando as crianças chegam à idade escolar.
- Assegurar creche é garantir que se está atacando na raiz as desigualdades. Creche é o início do processo de tornar o país desenvolvido, o resgate de uma geração.
Dilma também disse que é necessário estimular a adoção de crianças maiores, algo pouco comum no Brasil. Ela defendeu ainda que é preciso acelerar os processos de adoção no Brasil para resolver o problema.
- Hoje as crianças acima de sete anos são adotadas por europeus, americanos e japoneses. Não são adotadas por brasileiros. Nós temos de fazer uma campanha, mobilizando toda a sociedade civil para que o nosso país adote as crianças que hoje não têm o apoio de uma família. O país tem de ter a generosidade de adotar as crianças que não tem um família - afirmou.
- Eu fiz essa proposta para que a próxima campanha da fraternidade adote-a (a adoção) como tema. O que o governo pode fazer é assegurar que as varas que cuidam dos processos de adoção tenham mais juízes, tenham mais funcionários, porque, geralmente, se você tiver uma equipe adequada junta com esses juízes, você pode acelerar os processos de adoção. No Brasil, esse processo chega a levar um ano, um ano e meio. Uma das causas é a falta de funcionários nessas varas.
A candidata comentou também a situação de crianças viciadas em crack, o que estaria contribuindo para o esfacelamento da família brasileira.
- Um dos processos mais graves do Brasil é o processo de esfacelamento da família, que veio junto com a concentração de renda, que veio junto com a ausência de uma política habitacional, que veio junto com a perda da importância de dar às crianças valores. Proteger as crianças da violência também será um dos meus maiores compromissos. Você vê hoje meninos de sete anos sendo vítimas do tráfico, o que é um absurdo nós deixarmos que isso se reproduza.
Ela ressaltou a importância das crianças para o futuro do Brasil.
- A criança é o futuro do nosso país. Um país se mede pelo que ele faz pela criança, pela capacidade do país de proteger, de apoiar, de incentivar as crianças e sobretudo de dar oportunidade para que elas se transformem em adultos plenamente realizados. Nós hoje temos esse desafio no Brasil.
Segundo o último levantamento do Datafolha, divulgado no último sábado, Dilma Rousseff mantém a liderança na disputa presidencial, com 48% das intenções de voto, contra 41% de Serra. Considerando os votos válidos, que excluem brancos, nulos e indecisos, a petista tem 54%, contra 46% do tucano.
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