segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dilma Rousseff é eleita primeira mulher presidente do Brasil

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, foi eleita neste domingo e será a primeira mulher a ocupar o cargo mais alto da República.
Com quase a totalidade das urnas apuradas, Dilma obteve 56% dos votos válidos, contra 44% de José Serra (PSDB).
No total, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a petista conquistou mais de 55 milhões de votos e o tucano pouco mais de 43 milhões. A eleição também teve um alto índice de abstenção. Mais de 21% dos eleitores deixaram de votar neste domingo.
A vitória de Dilma foi anunciada às 20h14 deste domingo (horário de Brasília) pelo presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski.
Dilma fez suas primeiras declarações públicas como presidente eleita por volta de 21h30, ao ser abordada pela imprensa no carro que a levava para o hotel em Brasília onde faria um pronunciamento.
Ao lado do ex-ministro da Fazenda e coordenador de sua campanha, Antônio Palocci, Dilma agradeceu os votos que recebeu.
"Agradeço aos brasileiros e as brasileiras por este momento e prometo honrar a confiança que eles depositaram em mim", disse.
Esse é o primeiro cargo eletivo conquistado por Dilma Rousseff, de 62 anos. Sua atuação política teve início com a luta armada contra o regime militar, atividade pela qual acabou sendo presa e torturada, no início da década de 1970.
Formada em Economia, a nova presidente do Brasil assumirá um país de economia estável e em fase de forte expansão, mas ainda com velhos problemas, como a desigualdade social, a corrupção e um sistema educacional de qualidade inferior à média de outros países emergentes.
Os desafios políticos também são grandes: eleita com o apoio de dez partidos, Dilma terá de acomodar os interesses de uma ampla base de sustentação, incluindo o maior partido do país, o PMDB, principal aliado do PT no novo governo.
Campanha
Foto de Dilma Rousseff que após ter sido presa pelo regime militar nos anos 1970 (Reuters)
Dilma foi presa e torturada por militância política no regime militar
Apontada há cerca de três anos pelo presidente Lula como a favorita para sucedê-lo, Dilma teve como principal estratégia de campanha a conquista do eleitorado que aprova o atual governo.
Com popularidade em nível recorde, o presidente não poupou esforços na busca por votos para sua escolhida.
Com papel ativo tanto nos bastidores da campanha como na linha de frente, aparecendo em comícios e na propaganda eleitoral, Lula é considerado o grande trunfo da eleição de Dilma.
A continuidade e a ampliação de projetos criados nos últimos oito anos, como o Bolsa Família e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), estiveram no centro do discurso da candidata, que também exaltou as conquistas da atual administração, entre elas a quitação da dívida brasileira junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Durante a campanha, Dilma Rousseff também teve de se defender de acusações sobre um suposto esquema de tráfico de influência envolvendo sua sucessora e braço-direito na Casa Civil, Erenice Guerra.
O escândalo é apontado como uma das explicações para a perda de votos sofrida pela candidata petista semanas antes do 1º turno.
A reta final da campanha também foi marcada por um esforço em conquistar parte do eleitorado mais religioso, preocupado com comentários antigos da ex-ministra em favor da legalização do aborto – diferentemente da posição defendida atualmente por Dilma, que se diz contrária a qualquer mudança na legislação.
Biografia
Filha de pai búlgaro e mãe brasileira, Dilma Rousseff nasceu em Belo Horizonte em um ambiente de classe média alta. Sua educação básica ficou a cargo das freiras do Colégio Sion, tradicional centro de ensino da capital mineira.
Aos 17 anos ingressou no Colégio Estadual Central, considerado um dos principais redutos da militância de esquerda na época. O ano era de 1964 e logo o Brasil estaria vivendo um golpe militar.
Atraída pelo tema e pelo clima da militância, Dilma passou a integrar o Comando de Libertação Nacional (Colina), grupo que defendia a luta armada para combater o regime militar.
Em 1970, Dilma Rousseff, então com 23 anos, foi presa por subversão e torturada. Três anos depois conseguiu sua liberdade na Justiça e decidiu recomeçar a vida em Porto Alegre.
No início da década de 1980, Dilma se filiou ao PDT, de Leonel Brizola. A partir daí assumiu cargos como o de secretária da Fazenda da Prefeitura de Porto Alegre e de secretária de Energia e Minas também do governo estadual.
Convidada a integrar o governo de Olívio Dutra, em Porto Alegre, Dilma troca de partido e filia-se ao PT, em 2001. Com a vitória de Lula, em 2002, passa a integrar a equipe de transição.
Para surpresa de alguns, Lula decide nomeá-la ministra de Minas e Energia, em 2003 – cargo que Dilma ocupou até assumir a Casa Civil, em 2005, substituindo José Dirceu, envolvido no caso do mensalão.
Em abril de 2009, Dilma foi diagnosticada com um câncer linfático. Ela assumiu publicamente a doença e os efeitos de seu tratamento.
Em setembro deste mesmo ano, médicos divulgaram diagnóstico que apontava que Dilma estaria livre do linfoma.

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