Do JC Online ATUALIZADA ÀS 14H36
O tema completo da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é "O trabalho na construção da dignidade humana". O tema é aplicado para todos os estudantes em todo o país, independente da cor da prova que ele receba.
O JC Online informou, em primeira mão em todo o país, às 13h26 o tema da redação. Um repórter do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC) driblou a segurança e entrou no local de prova com um celular. Antes do horário mínimo de saída dos estudantes, às 14h no horário de Pernambuco, o repórter foi até o banheiro e passou um torpedo com o tema. A informação foi repassada ao UOL (o JC Online é parceiro) e, até o momento, já ultrapassou 25 mil acessos em apenas 50 minutos de publicação da matéria.
O repórter também quebrou outra proibição e levou um lápis de madeira para fazer a prova. "Consegui fazer a prova inteira sem ser advertido, inclusive o rascunho da redação. Era um lápis de madeira comum, e não uma lapiseira que parecesse com uma caneta", explicou. O repórter entrou, ainda, com relógio na sala, mas foi orientado pelo fiscal para guardá-lo.
Para ajudar na elaboração do texto, a prova trouxe dois textos de apoio. O primeiro tem como título "O que é trabalho escravo" e começa citando a Lei áurea. O texto cita que ainda existe a prática de trabalho escravo no país, especialmente em fazendas, onde alguns proprietários conseguem contratar trabalhadores e não garantem os direitos trabalhistas e humanos a eles. O texto traz, ainda, uma foto de uma pessoa de costas com a camisa rasgada.
Já o segundo texto de apoio tem como título "O fututo do trabalho" e traz o trecho de uma reportagem da Revista Galileu. O texto diz que as perspectivas para o ano 2020 é que a maioria das pessoas estará trabalhando em casa e terá um chefe com menos de 30 anos, que provavelmente será uma mulher. Para ilustrar o texto, uma fórmula matemática foi criada: T + (MA + QV + I) x Globalização. Uma legenda informa que T significa trabalho; MA, meio ambiente; QV, qualidade de vida e I, inovação.
As redações elaboradas pelos estudantes devem ter entre 10 e 30 linhas. Os textos com menos de 10 linhas não serão corrigidos.
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Comentário da Editoria-geral do Terra Brasilis:
Longe de querer encobrir as falhas que ora vêm ocorrendo na aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM, apenas me pergunto se é lícito fazer o que fez o jornalista. Sei, porque já fiscalizei em outra oportunidade a aplicação da prova, que o candidato pode solicitar a ida ao banheiro a qualquer momento, desde que devidamente acompanhado do chamado "fiscal volante" até o ponto em que este não interfira na privacidade daquele. Sei também - a menos que as orientações tenham se alterado - que ao candidato é dada a liberdade de se ausentar da sala e do prédio duas horas após o início do exame, mas ele não pode portar consigo o caderno de provas. A questão é: como um jornalista, que tem o papel de informar com profissionalismo, faz uso de métodos ilícitos e proibitivos para, na tentativa de criar um furo de reportagem, "provar" que o processo de aplicação é falho?
Este repórter incorreu em desvio ético dos mais graves, porquanto ele era sabedor das orientações quanto ao veto no uso não só do aparelho celular, mas também do lápis.
No que diz respeito à quebra da primeira proibição, o fiscal não está lá para revistar o candidato (isso, inclusive, poderia gerar constragimento caso os dois fiscais escalados fossem homens e a pessoa a ser revistada fosse uma adolescente ou mesmo mulher; o mesmo se daria se houvesse duas fiscais para revistar um adolescente ou mesmo um homem). O Fiscal está lá para aplicar a prova e zelar pelo bom andamento do processo em conformidade com as orientações recebidas por ele e pelos próprios candidatos. Quanto à segunda quebra de orientação, aí, sim, houve falha de quem estava fiscalizando.
O jornalista, ao invés de mostar perícia e sagacidade, mostrou-se ser um profissional sem postura ético-profissional para lidar com o papel que lhe foi atribuído. Deve ser orientado por sua editoria quanto à lisura na cobertura de qualquer evento, pois informações por meio fraudulento desacredita a matéria que vier a ser gerada, ao mesmo tempo que denota falta de caráter de quem assim procede.
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