quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O Senador e a Jornalista - Parte Final

Santa acordou num quarto escuro e muito equipado. O padre segurava sua mão.
- Onde estou?
- Está segura, minha filha. Agora, o que mais precisa é descansar.
- Quem me trouxe para cá?
- Eu.
- Que lugar é esse?
- Uma clínica.
- O que vim fazer aqui?
- Durma em paz e amanhã conversamos, pode ser?

Mal o padre terminara de falar e Santa já estava de volta em um sono profundo, sedada mais uma vez.

Quando acordou foi informada pelo padre que, a pedido do Senador, da empresa e da mulher do jornalista todos, inclusive ele, acharam melhor tirar o bebê de seu ventre. Santa entrou em choque, estado que durou duas semanas. Durante este período, às vezes tentava chorar, mas as lágrimas não vinham. Foi tomada por um vazio, uma angústia que durou muitos meses. Neste período ficou na sacristia, sob os cuidados do padre, com a anuência do bispo. Afinal, ela só tinha mesmo o pai com quem contar. Aos poucos se recuperou e voltou a trabalhar. Mas a desilusão era tão grande, que não tinha mais vontade de se arrumar. Fora de peso e sempre descuidada foi ficando inviável aparecer na TV. Um dia o chefe a chamou e ofereceu uma vaga de editora de texto. Indiferente, Santa aceitou. Depois de um tempo arrumaram para ela um cargo de chefia sem grandes responsabilidades. Da única vez em que reencontrou o Senador, nos corredores da emissora, cuspiu-lhe na cara e chamou-o de porco. Ele fez como se não fosse com ele e seguiu em frente. Santa adotou seu segundo nome, Maria. Nunca mais ficou sem antidepressivos e remédios para dormir. Tem uma boneca, presente de Su, que cuida como fosse seu bebê.
Sanguessugado do DoLaDoDeLa 

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