sábado, 1 de janeiro de 2011

As canções que fizeram Toquinho


O cantor e violonista Antônio Pecci Filho, o Toquinho, quase sempre trabalha compondo em parceria. A melhor e mais notória foi com Vinicius de Moraes. Durou apenas dez anos - terminou com a morte do poetinha -, mas deixou sua marca na música brasileira. O livro Histórias de canções: Toquinho conta a trajetória do artista através de suas canções. Escrito por Wagner Homem e João Carlos Pecci, irmão de Toquinho, o livro é capaz de despertar interesse tanto de fãs em busca de detalhes de bastidores quanto de quem apenas gosta de uma boa história. É um livro leve, para ser lido de uma tacada só.  

As histórias mais curiosas são aquelas vividas ao lado de Vinicius. Toquinho o conheceu quando acompanhou Chico Buarque à casa do poeta. A parceria, porém, só começou muitos anos depois, em 1970. Juntos, produziram mais de cem canções. ´Ele nunca mudava nada na melodia. Vinicius era terrível, ele fazia a letra perfeita para cada uma. Nesse detalhe eu acho ele melhor do que qualquer outro. Ele mastigava, digeria a melodia de uma maneira que colocava a palavra justa. As ideias poderiam ser menos fortes, mas as palavras eram muito ajustadas. Ninguém superou Vinicius nisso`, conta o violonista, em uma das passagens do livro.

O maior sucesso comercial da carreira de Toquinho, porém, surgiu longe de Vinicius. Aquarela foi primeiro escrita e gravada em italiano, língua dos dois parceiros de Toquinho na composição: Maurizio Fabrizio, na melodia, e Guido Morra, na letra. Acquarello teria ficado pronta em questão de minutos. A letra lúdica de Guido foi adicionada depois da música pronta. Foi sucesso no Brasil e na Europa. Inspirou Toquinho a trilhar o caminho da música infantil: O caderno e A bailarina estão entre as mais conhecidas.

A partir deste ponto, o livro fica um pouco arrastado. A parceria com o saxofonista japonês Sadao Watanabe, por exemplo, é musicalmente interessante, mas parece não ter produzido boas histórias. Depois de compor com Chico Buarque, Joge Ben Jor e, principalmente, Vinicius de Moraes, fica realmente difícil encontrar parceiros à altura.

Saiba mais

O seu primeiro álbum, O violão de Toquinho, traz uma raridade: a música Triste amor que vai morrer, a única gravação de uma composição de Elis Regina.

Em 1972, Toquinho estava num estúdio de gravação e conheceu Orlando Silva, ídolo do seu pai. Mostrou a ele a canção Amor em solidão. O cantor gostou e gravou a música numa fita cassete, que Toquinho deu de presente para o pai.

O 1º álbum da parceria com Vínicus foi Como dizia o poeta, de 1971, que contava com a participação da cantora Marília Medalha. Além de Tarde em Itapoã, tem A tonga do mironga do kabuletê, entre outras.

O livro traz um pequeno erro. Chama a nona e última mulher de Vinicius de Gilda Barroso, quando na verdade ela se chama Gilda Mattoso.

Serviço

Histórias de canções - Toquinho, de João Carlos Pecci e Wagner Homem
Editora: Leya (304 páginas)
Preço médio: R$ 44

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...