A Itália vive um dos momentos mais grotescos de sua história. Seu povo, como todo povo, já deu mostras de heroísmo em certas ocasiões e de covarde submissão em outras. Hoje é mansamente governado por um gangster corrupto, fascista, vicioso, amoral e, ainda por cima, cartola de futebol. Um bandido sem nenhuma dúvida, chamado Silvio Berlusconi.
De outro lado, temos César Battisti hoje denominado terrorista pela mínia, mas que há 30 anos pegou em armas para, como guerrilheiro, combater um sistema montado na iniqüidade, na corrupção mais assombrosa e no conluio de três forças poderosas: o Capital Financeiro, a Máfia e o Banco do Vaticano, a maior lavanderia européia de dinheiro criminoso.
Em suma, Battisti fez, há três décadas, exatamente o que fez nosso bom Fernando Gabeira, hoje queridinho da burguesia de Ipanema, mas que já foi considerado terrorista pela mídia e pelo Departamento de Estado, tanto que, até hoje, não consegue obter visto para visitar os Estados Unidos, cujo embaixador no Brasil ele delicadamente seqüestrou.
E nem sei se é de bom tom lembrar que até hoje, por ter agido, há quarenta anos, como Gabeira e como Battisti, Dilma Rousseff é tratada como “terrorista’ pelo segmento mais direitista do eleitorado do Serra. É claro que isso é feito de forma covarde através do anonimato da Internet, como é claro também, que, como presidente eleita do Brasil, ela receberá amanhã, na posse, um beijinho da Hillary Clinton.
Nunca é demais, entretanto, dizer que a função elementar da mídia brasileira – corrupta e atrelada aos interesses estratégicos norte-americanos – é desinformar a classe média brasileira, até o limite da infantilização.
Ela faz isso, via manipulação e omissão de fatos, sua especialidade. Mas, convenhamos, sua tarefa é facilitada pela natural tendência desse seguimento mediano da sociedade no sentido de alienar-se em torno de seu umbigo, sua piscininha e suas compras.
E não é demais lembrar também que durante décadas, os vietcongs foram denominados pela mídia como perigosos terroristas, até que, literalmente, jogaram os invasores norte-americanos no mar.
Foi uma das maiores surras militares da História. E, desde então, os “terroristas” passaram a ser referidos como “rebeldes insurgentes” ou como guerrilheiros. A mídia é falsa como uma nota de trinta reais. Ninguém sabe o que ela vai dizer amanhã.
Covarde, nossa elite jornalística já não sabe se trata Battisti como terrorista ou como guerrilheiro. Estava aguardando o desfecho da novela e foi surpreendida pela brutal e desproporcional reação do governo fascistóide italiano que ameaçou e insultou o governo brasileiro. Diante da crise diplomática, nossos versáteis editorialistas e colunistas temem tomar partido.
Então ficamos assim: o presidente Lula já assinou o decreto concedendo asilo e o Supremo Tribunal Federal, como é de sua função, vai enrolar ainda mais o caso. Berlusconi se quiser que reclame com o Papa, mas Battisti tão cedo não volta para a Itália.
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