terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Chefe da Força de Paz afirma que não há risco de o Haiti sofrer novo golpe de Estado

Porto Príncipe - O comandante militar da Força de Paz no Haiti (Minustah), general Luiz Guilherme Paul Cruz, diz que não há mais possibilidade de ditadura no país. Foto: Marcello Casal Jr./ABr

Um grupo de 36 pessoas, sendo 30 jornalistas brasileiros, está nesta semana em Porto Príncipe, capital do Haiti, a convite do Ministério da Defesa, para acompanhar os desdobramentos da missão dos militares brasileiros um ano após o terremoto que devastou parte do país. Com a tragédia, o contingente aumentou de 7 mil para 8,7 mil militares. O Blog do Planalto acompanha a missão.

Foram 11 horas de voo e três paradas – Santarém (PA), Boa Vista (RR) e Caracas, na Venezuela – até o pouso, em aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), nesta segunda-feira (17), no Aeroporto Internacional de Porto Príncipe, Toussaint Louverture.

Logo na chegada, o grupo se deparou com os escombros do antigo aeroporto e foi surpreendido com a notícia do retorno a capital haitiana do ex-ditador Jean Claude Duvalier, conhecido como Baby Doc, filho do também ditador François Duvalier, o Papa Doc, falecido em 1971.

Em entrevista coletiva concedida aos jornalistas brasileiros, o comandante militar da Força de Paz no Haiti (Minustah), general Luiz Guilherme Paul Cruz, afirmou que não há chance alguma de que país sofra novamente uma ditadura.
“Não há possibilidade de nenhum grupo trazer ou conquistar poder, ameaçar o Estado ou qualquer outra coisa que possa trazer de mais ao País, em função do uso indiscriminado da violência. Poderá haver manifestações, faz parte do processo, mas não haverá nenhum grupo capaz de trazer o que seria uma revolução, uma troca do poder que não fosse diante das leis haitianas. Não há nenhuma força capaz de fazer isso”, assegurou Paul Cruz.
Baby Doc foi um ditador do Haiti, sucedendo seu pai, François Duvalier, no posto de presidente da República. Em 1957, assumiu a presidência e implantou um regime ditatorial até sua morte, em 1971. A pressão política continuou sob o comando de Baby-Doc, filho de François Duvalier. Já na decada 80, com a crise econômica e o empobrecimento da população, o regime de terror perdeu força, até que, em 1985, Baby-Doc fugiu para um exílio na Franca.

Eleição suspensa
– A tensão politica das autoridades locais se deve aos questionamentos da eleição dos candidatos à presidência haitiana, que levou o pleito para o segundo turno. Os primeiros resultados apontavam a liderança da ex-primeira-dama Mirlande Manigat (31%), seguida pelo candidato governista Jude Célestin (22%), com o candidato Michel Martelly, um cantor popular, na terceira posição e fora do segundo turno. O segundo turno aconteceria no último domingo (16/1), mas foi cancelada.

Diante das reclamações e protestos após o anúncio dos resultados, o presidente René Préval solicitou à Organização dos Estados Americanos (OEA) o envio de uma missão ao Haiti para avaliar o processo eleitoral. A Organização produziu um relatório com recomendações sobre o processo eleitoral. O material da missão será enviado ao Conselho Eleitoral, que tomará a decisão final.

Nesta terça-feira (18/1), Baby Doc foi detido pelo Ministério Público Haitiano para prestar esclarecimentos sobre os desvios de verbas públicas da época em que era presidente. Até o momento, Baby Doc não foi liberado.

Cólera – Enquanto isso, a Embaixada do Brasil em Porto Príncipe divulgou um balanço sobre o surto de cólera. Cerca de 3,3 mil pessoas morreram e quase 189 estão hospitalizadas. De acordo com a Embaixada, a taxa de letalidade no início da epidemia era de 8% e agora foi reduzida para cerca de 2%, mais próxima aos padrões internacionais.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) coordena a ajuda internacional e a Organização Mundial de Saúde vem prestando apoio direto ao Ministério da Saúde Pública deste país. Existem exclusivamente 474 médicos, 1.421 enfermeiros, além de 47 brigadas de fiscalização nas zonas mais afetadas com 1.300 profissionais de saúde cubanos.

Também foram formados 1 mil agentes de mobilização social e 1,2 mil agentes sanitários. O Brasil doou US$ 1 milhão à Cruz Vermelha e a Embaixada do Brasil na capital haitiana utilizou US$ 233 mil para aquisição de medicamentos. O Ministério da Saúde, por meio da FAB, enviou 10 toneladas de medicamentos e as tropas brasileiras fazem palestras de prevenção ao cólera.

Já a ONG Viva Rio trabalha na prestação de assistência médica, formação de pessoas e na instalação de banheiros portáteis e filtros.

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