quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Fernando Henrique Cardoso defende descriminalização das drogas

Depois de atestar o fracasso de políticas públicas de repressão às drogas, uma comissão de personalidades internacionais, da qual o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso faz parte, defendeu, nesta terça-feira, a discriminalização do uso de drogas. A reunião foi realizado em Genebra, Suíça.

O encontro reuniu também os ex-chefes de Estado da Colômbia César Gaviria (1990-1994) e do México Ernesto Zedillo (1994-2000), assim como o espanhol Javier Solana, ex-alto representante para a Política Externa e de Segurança da União Europeia. Além deles, participaram do encontro de fundação a ex-presidente suíça Ruth Dreifuss e o norueguês Thorvald Stoltenberg, ex-alto comissário da ONU para os Refugiados.

Fernando Henrique, que governou o País entre 1995 e 2002, é presidente da Comissão Global de Políticas sobre Drogas e presidiu os debates realizados durante dois dias em Genebra.

"É preciso descriminalizar o uso de todas as drogas, pois nenhuma política de combate às drogas vai funcionar se não houver também informação e educação. Somente assim as pessoas irão dispor de elementos para usar sua liberdade e para saber que as drogas causam danos", acrescentou.

Além disso, o ex-presidente afirma que os dependentes de drogas devem ser considerados doentes e, por essa razão, devem ter acesso a tratamento médico, bandeira levantada pela comissão, uma vez que tal ação reduziria os danos individuais e sociais.

O ex-presidente colombiano, César Gaviria, que também foi secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) entre 1994 e 2004, pediu que as autoridades se "concentrem na luta nos cartéis de droga, não nos consumidores", e ainda disse: "Temos que abandonar essa ideia de que os consumidores de drogas são criminosos".

A comissão, que deve se reunir novamente em junho, nos Estados Unidos, defende as drogas sejam regularizadas do mesmo modo que o tabaco e o álcool. Além disso, a entidade defende que o melhor caminho a ser seguido - evidenciado empiricamente e através de provas científicas - é o da prevenção e da redução da dependência das drogas, iniciativas que, a seu entender, não recebem a mesma atenção que a erradicação, a proibição e a punição.

"Não é preciso mais dinheiro, e sim usar melhor o dinheiro. O utilizado na chamada guerra contra as drogas dos americanos é enorme, (mas é) um dinheiro mal usado porque não tem resultado efetivo; se fosse utilizado para a saúde, para tratamentos médicos, educação, para campanhas de publicidade, seria muito melhor", considerou Fernando Henrique.

Também fazem parte da comissão, mas não compareceram à reunião de Genebra, os escritores Carlos Fuentes, do México, e o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura 2010 Mario Vargas Llosa, do Peru. [JC Online - com informações de agências]

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