Ex-colega de Dilma Rousseff no governo Lula, Humberto Costa, o novo líder do PT no Senado começa na função com a tarefa de evitar rachas na bancada de 15 parlamentares na Casa e trabalha para aumentar o bloco de apoio à nova presidenta. Em entrevista ao iG, Costa admite que assume o cargo em situação mais confortável que o antecessor, o atual ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, e que será difícil fazer melhor que o ex-líder.
“Mercadante teve um papel muito importante em um momento em que tínhamos situação desfavorável com a maioria opositora. (...) O que pode ser diferente é como a gente possa lidar com o novo momento, o aumento da força do PT no Senado e em um clima menos beligerante no Senado”, afirmou.
O ex-ministro da Saúde Humberto Costa escolhido na terça-feira como líder do PT no Senado - Foto Futura Press |
Costa foi anunciado o novo líder do PT no último dia 11. O PT tem a segunda maior bancada no Senado, com 15 parlamentares contra 18 do PMDB. No próximo dia 27, os petistas devem definir os nomes para a vice-presidência da Casa. Cotados para o cargo, estão os ex-ministros Marta Suplicy e José Pimentel.
O ex-ministro desconversou sobre sua preferência, mas disse que quer evitar “traumas” se não houver consenso pelo novo vice. “Nosso esforço será para conter o ‘bate-chapa’.
Confira a entrevista:
iG: O senhor vai ocupar a função que era de Aloizio Mercadante na gestão de Lula. Como o senhor avalia a gestão do ex-senador e o que pode fazer melhor e diferente na liderança?
Humberto Costa: Fazer melhor do que ele é muito difícil porque ele é bem preparado e tecnicamente usou muito a sua capacidade de argumentação em um período em que dentro do Senado tínhamos uma situação desfavorável com maioria oposição e senadores experientes que sabiam se expressar na mídia. O Aloizio foi perfeito para o momento e agora o momento é diferente. O que pode ser diferente é como podemos lidar com esse momento em que, com o aumento da força do PT e do bloco governista no Senado, o clima na Casa se torna menos beligerante, menos polarizado. Precisamos exercitar outros atributos. Sabemos fazer enfrentamento com a oposição, mas também temos de ter abertura para conversa com eles.
iG: Para a presidência do Senado, o senhor faz coro com alguns parlamentares de que José Sarney,do PMDB, é o melhor nome ?
HC: Veja, o que nós fechamos por princípio é que deve ser respeitada a regra da proporcionalidade. Não temos nenhum veto a quem quer que seja nesta bancada do PMDB. O nome que for apresentado terá nosso total apoio. Sarney é muito experiente, habilidade para conduzir trabalhos e se vier a ser escolhido vai ter nosso apoio.
iG: A bancada vai votar unida?
HC: Vai, vai.
iG: E a vice presidência? O governo Lula sofreu com a oposição do senador Marconi Perillo, do PSDB, quando este ocupou ocasionalmente. O PT vai indicar um nome forte para o cargo?
HC: Nossa escolha pela vice-presidência naturalmente passa por alguns momentos em que o vice tenha necessidade de assumir, mas este não é o fator principal. Este cargo garante maior interlocução com a sociedade, mais um cargo de representação do que voltado para vida interna do Senado. Pode ser que mais para frente possamos optar por ocupar a primeira-secretaria, mas neste momento o espaço que nos dá mais interesse é a vice-presidência. Se não for possível construir consenso, teremos condição de fazer uma disputa definida pelo voto sem maiores traumas.
iG: Mas as votações no plenário do Senado são voltados para a sociedade. Se houver votações com o vice na presidência, estes projetos interessam a sociedade.
HC: Com certeza, isso também permeou nossa decisão de escolher a vice. Se houver necessidade do presidente Sarney não estar, também teremos alguém que dará condução sintonizada com a orientação do governo e a bancada.
iG: O senhor vê com simpatia nome de Marta Suplicy para vice-presidência?
HC: Acho que os dois nomes são muito bons. Não só ela tem presença importante na bancada, mas o senador José Pimentel também. Ambos foram ministros. Qualquer um dos dois nomes, a bancada fará escolha boa. Agora, nosso esforço será para evitar um “bata chapa”.
iG: Mas como líder, qual a preferência do senhor?
HC: (risos) Na condição de líder, se eu disser a preferência, posso não contribuir para o processo não ser tranqüilo. Vou ter voto, óbvio, vou me posicionar, mas acho que ajudo mais se eu administrar melhor a bancada para evitar traumas em eventuais votações.
iG: O senhor não vai declarar o voto?
HC: Não, antes não.
iG: Qual é a relação da Dilma com o senhor?
HC: Tenho boa relação com ela. Fomos ministros juntos, ela de Minas e Energia e eu da Saúde. Tivemos muita convivência, interface com ela. Tenho excelente relação e acho que vai se tornar melhor antes.
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