Entrei em casa precisamente à meia noite. Estava extasiado. É tocante e empolgante, para mim, ver alguém apaixonado falando. Hoje, tive o privilégio de ouvir um dos cientistas mais importantes do planeta, Miguel Nicolelis.
Para mim, além da emoção, não posso negar que me enchi de um orgulho. O twitter possibilitou a mim e a meus companheiros blogueiros sujos de Natal reunirmo-nos pessoalmente com um homem apaixonado. Apaixonado e militante. Defensor de uma revolução social. De um modelo de nação nascido com o presidente Lula. Que põe a cara a tapa e não se deixa vencer pelas consequências. Que é sonhador e utópico. Empolgante para mim, como militante, como organizador, como blogueiro sujo e como pesquisador. Desafiador.
Para mim, de tantas coisas que ainda serão ditas do encontro desta noite, me chamaram a atenção algumas coisas que mostram o descaso do poder público com o projeto de revolução de Nicolelis.
Primeiro, ele arrancou risos da platéia lembrando que até a Science, maior revista científica do mundo, já falou do absurdo que é o não asfaltar os cinquenta metros que levam a esquina da Natal Veículos à Sede do Instituto no bairro de Neópolis, em Natal. Ele lembrou que onde chega no mundo, “Alemanha, Suiça, as pessoas perguntam: já asfaltaram?”. De uma criticidade cômica!
Ele destacou também que esteve com a governadora Rosalba Ciarlini há quase dez dias e lhe prometeram uma lista de prédios públicos fechados nos quais ele poderia instalar a rede de escolas que propõe. Até agora, uma simples lista de prédios públicos não foi disponibilizada.
Mas, sem dúvida, os momentos que mais descontraíram o ambiente foram as referências à dificuldade que as pessoas tiveram de entender que Nicolelis estava no twitter e não era um fake. A discussão de identidade, neurociência decorrente daí foi genial. Do tipo freireana. As referências à Thaisa Galvão, que duvidara que ele era ele por causa da forma como ele se posicionava – “cientista não se posiciona assim” – foram hilárias.
Uma pena que as despedidas foram rápidas. Miguel é aquele tipo de pessoa encantadora, como se fosse um livro de estórias que a gente abre na infância e só consegue largar quando crescem os netos. Como se fosse um livro escrito pela sua mãe. Como se fosse um livro escrito por ele, para nós, nossos filhos, netos e as futuras gerações – gerações que poderão ser o que quiserem e estar onde desejarem. A partir do mais simples sonho: de que o filho do pobre pode ser astrônomo, advogado, médico ou filósofo. Ele pode ser o que quiser e não o que a Revolução Industrial tenta impor que seja.
Quem esteve esta noite na Siciliano e quem pode acompanhar pelo twitcam saiu de lá mais leve, mais feliz, desafiado e realizado. Digam por aí que @MiguelNicolelis existe, não é um fake, é real.
By: Daniel Dantas
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