terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Roberto Freire quer CPI eleitoreira

CPI da chuva

Roberto Freire, presidente nacional do PPS e deputado eleito, defendeu nesta segunda-feira a instalação de uma CPI no Congresso para apurar a tragédia provocada pelas chuvas na região serrana do Rio de Janeiro. Vai ser a CPI de um desastre provocado pela natureza, um imenso volume de chuva em uma " área de risco". Ou não é um risco construir nas encostas de morros? Nenhum proprietário, engenheiro, construtora, geólogo, geógrafo, urbanista, avaliou o risco de deslizamento do solo da encosta? Não houve ninguém que olhasse os morros da região serrana do RJ e vislumbrasse o perigo de uma imensa desgraça com um maior volume de chuva? Deputado Roberto Freire: há vários culpados por essa tragédia, todos os citados acima e todos os políticos, inclusive do seu partido, que não tomaram nenhuma providência antes da tragédia nessa "área de risco".

O deputado demagogo, puxa-saco do Serra, quer transformar em culpados seus desafetos políticos – Lula, Dilma, Sergio Cabral. Quer usar a tragédia como palanque eleitoral. Mas se o deputado está a fim de mostrar que é sério, comece criando uma CPI para investigar as tragédias da chuva e os desvios de verbas em São Paulo. As avenidas 23 maio e 9 de julho, a Rodovia Raposo Tavares, as Marginais e as demais ruas da cidade não são consideradas áreas de risco em caso de chuva; inclusive o Alckmin, quando em sua gestão anterior, colocou placas nas Marginais afirmando que as enchentes tinham acabado. As enchentes em SP continuam e afetam cada vez mais a população. O lixo está acumulado nas vias, os bueiros estão entupidos, o rios estão assoreados, dezenas de piscinões não foram construídos e os que existem estão entupidos de detritos. As ruas de SP estão todas esburacadas, em alguns bairros as enchentes destruíram casas e mais casas; pessoas morreram afogadas nas enchentes, até no centro da cidade, e os que sobreviveram perderam tudo. São Paulo é um caso típico de omissão, negligência, mau uso do dinheiro público, incompetência. Serra não fez nada para amenizar o problema das enchentes em SP, aliás desviou verbas do desassoreamento para publicidade. Bastam 10 minutos de chuva para a cidade virar um caos. Cadê os recursos contra as enchentes em SP? Cadê as obras para diminuir as enchentes em SP?

Outra CPI seria muito útil em SP para investigar o cunhado do Alckmin, que desviou verbas da merenda escolar e transporta cadáveres no mesmo carro que distribui merenda nas escolas. Isso não interessa investigar, deputado Roberto Freire? Em 2006, políticos de Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, fizeram um pacto para blindar o tucano Geraldo Alckmin - então candidato à Presidência -, retardando medidas para investigar o escândalo que envolve seu cunhado, Paulo Ribeiro, o Paulão, em suposto esquema de corrupção e tráfico de influência. Um documento subscrito por 11 vereadores da cidade diz expressamente que o prefeito João Ribeiro (PPS), apadrinhado de Alckmin, teria se comprometido a "tomar providências" sobre denúncias de desvios na administração "após as eleições". O documento trazia detalhes sobre licitações que teriam sido dirigidas em troca de doações para campanhas eleitorais e enriquecimento ilícito de políticos e empresários. Um acontecimento grave de 2006 só veio a público em 2011, após a eleição do Alckmin para governador. A mídia do PIG sabia dessa maracutaia desde 2006 e protegeu o PSDB, o Alckmin e o Serra, candidatos favoritos dos jornalões de SP. Está mais do que na hora de apurar o que ocorreu e por que ocorreu. Por que tudo foi abafado pelos políticos – inclusive do PPS, partido do Roberto Freire – e pela mídia?

Jussara Seixas [coeditora do Terra Brasilis]

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