quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Tunesinos voltam às ruas para protestar contra governo provisório

Revoltosos na Tunísia

Mesmo depois da queda do presidente Zine El Abidine Ben Ali, novas manifestações levaram milhares de pessoas às ruas de Túnis, capital da Tunísia, nesta terça-feira (18/01). Eles não concordam com a composição do governo de transição, anunciada na véspera, que manteve aliados do ex-presidente, considerado foragido, em postos estratégicos. A polícia usou bombas de gás lacrimogênio, cassetetes e escudos para tentar dispersar os manifestantes.

Na segunda-feira (17/01), o primeiro-ministro, Mohammed Ghannouchi, anunciou a composição de um governo de coalizão para conduzir o país até as próximas eleições, daqui a seis meses. Ele manteve-se no cargo, bem como os titulares das pastas do Interior, de Relações Exteriores e da Defesa. Três líderes oposicionistas foram indicados para os ministérios da Educação Superior, da Saúde e do Desenvolvimento.

Entretanto, três dos indicados já desistiram dos cargos, depois que a maior central sindical do país, a União Geral dos Trabalhadores da Tunísia (UGTT, na sigla em francês), decidiu não reconhecer o novo governo de transição.

O ex-presidente Ben Ali deixou o poder na sexta-feira (14), ao fugir do país e refugiar-se na Arábia Saudita. Ele presidia a Tunísia desde 1987. Depois da queda de Ben Ali, o governo tenta manter-se no poder, prometendo reformas econômicas e políticas, legalização de partidos, fim da censura e libertação de presos políticos.

Hoje, desembarcou em Túnis o líder político Moncef Marzouki, que passou os últimos 20 anos exilado em Paris. O partido dele foi banido pelo antigo regime.

Há cerca de um mês, estudantes, profissionais liberais e desempregados iniciaram  uma onda de protestos contra o governo por causa dos altos índices de desemprego e da elevação repentina dos preços. Mobilizados pela internet, os protestos logo voltaram-se contra a falta de liberdade de expressão.

A possibilidade dessa onda de protestos se espalhar pelos demais países árabes do Norte da África é considerada possível, mas não necessariamente provável, pelos analistas internacionais. “Já tivemos o caso da Argélia, com violência nas ruas. Agora temos a Tunísia e preocupações também no Egito [que também enfrenta protestos contra o governo]”, disse Aly Jamal, doutor em relações internacionais e especialista em conflitos africanos do Instituto Superior de Relações Internacionais de Moçambique. “Mas cada país tem sua especificidade”, ressalvou.

Ele lembra que, em outras ocasiões, o Egito passou por pressões populares e Hosny Mubarak, presidente desde 1981, soube equilibrar as tensões. “Vai ser uma correria para reduzir os níveis de dificuldades do dia a dia e, eventualmente, evitar que a situação atinja o nível de explosão.” [Opera Mundi]

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