O jornal Folha de São Paulo comemora 90 anos de demo-tucanismo, e resolveu pedir à presidenta Dilma um artigo.
Dilma atendeu com cordialidade, mas o artigo é escrito com uma inteligência ferina que, ainda que não tenha sido intencional, tem trechos desconcertantes para os donos e colunistas demo-tucanos do jornal.
O artigo fala sobre o Brasil do passado, do presente e do futuro, com foco na sociedade do conhecimento e do respeito ao meio-ambiente. Não menciona o jornalão da ditabranda (nem elogia, nem critica), mas, de forma elegante, tem trechos que caem como uma luva sobre a atuação da Folha nos 90 anos de existência, como jornal da "elite pensante" do Brasil demo-tucano arcaico, injusto, excludente e da ditabranda.
De quebra fala sobre democratização do conhecimento (o que pressupõe democratização dos meios de comunicação), e que o grande "formador do cidadão" é o educador (que ensina o cidadão a formar opinião por si mesmo).
Segue a íntegra do artigo da nossa Presidenta (com os destaques em negrito nossos):
Dilma atendeu com cordialidade, mas o artigo é escrito com uma inteligência ferina que, ainda que não tenha sido intencional, tem trechos desconcertantes para os donos e colunistas demo-tucanos do jornal.
O artigo fala sobre o Brasil do passado, do presente e do futuro, com foco na sociedade do conhecimento e do respeito ao meio-ambiente. Não menciona o jornalão da ditabranda (nem elogia, nem critica), mas, de forma elegante, tem trechos que caem como uma luva sobre a atuação da Folha nos 90 anos de existência, como jornal da "elite pensante" do Brasil demo-tucano arcaico, injusto, excludente e da ditabranda.
De quebra fala sobre democratização do conhecimento (o que pressupõe democratização dos meios de comunicação), e que o grande "formador do cidadão" é o educador (que ensina o cidadão a formar opinião por si mesmo).
Segue a íntegra do artigo da nossa Presidenta (com os destaques em negrito nossos):
País do conhecimento, potência ambiental
por DILMA ROUSSEFF
Hoje, já não parece uma meta tão distante o Brasil se tornar país economicamente rico e socialmente justo, mas há grandes desafios pela frente, como educação de qualidade.
Há 90 anos, o Brasil era um país oligárquico, em que a questão social não tinha qualquer relevância aos olhos do poder público, que a tratava como questão de polícia.
O país vivia à sombra da herança histórica da escravidão, do preconceito contra a mulher e da exclusão social, o que limitou, por muitas décadas, seu pleno desenvolvimento.
Mesmo quando os grandes planos de desenvolvimento foram desenhados, a questão social continuou como apêndice e a educação não conquistou lugar estratégico. Avançamos apenas nas décadas recentes, quando a sociedade decidiu firmar o social como prioridade.
Contudo, o Brasil ainda é um país contraditório. Persistem graves disparidades regionais e de renda. Setores pouco desenvolvidos coexistem com atividades econômicas caracterizadas por enorme sofisticação tecnológica. Mas os ganhos econômicos e sociais dos últimos anos estão permitindo uma renovada confiança no futuro.
Enorme janela de oportunidade se abre para o Brasil. Já não parece uma meta tão distante tornar-se um país economicamente rico e socialmente justo. Mas existem ainda gigantescos desafios pela frente. E o principal, na sociedade moderna, é o desafio da educação de qualidade, da democratização do conhecimento e do desenvolvimento com respeito ao meio ambiente.
Ao longo do século 21, todas as formas de distribuição do conhecimento serão ainda mais complexas e rápidas do que hoje.
Como a tecnologia irá modificar o espaço físico das escolas? Quais serão as ferramentas à disposição dos estudantes? Como será a relação professor-aluno? São questões sem respostas claras.
Tenho certeza, no entanto, de que a figura-chave será a do educador, o formador do cidadão da era do conhecimento.
Priorizar a educação implica consolidar valores universais de democracia, de liberdade e de tolerância, garantindo oportunidade para todos. Trata-se de uma construção social, de um pacto pelo futuro, em que o conhecimento é e será o fator decisivo.
Existe uma relação direta entre a capacidade de uma sociedade processar informações complexas e sua capacidade de produzir inovação e gerar riqueza, qualificando sua relação com as demais nações.
No presente e no futuro, a geração de riqueza não poderá ser pautada pela visão de curto prazo e pelo consumo desenfreado dos recursos naturais. O uso inteligente da água e das terras agriculturáveis, o respeito ao meio ambiente e o investimento em fontes de energia renováveis devem ser condições intrínsecas do nosso crescimento econômico. O desenvolvimento sustentável será um diferencial na relação do Brasil com o mundo.
Noventa anos atrás, erramos como governantes e falhamos como nação.
Estamos fazendo as escolhas certas: o Brasil combina a redução efetiva das desigualdades sociais com sua inserção como uma potência ambiental, econômica e cultural. Um país capaz de escolher seu rumo e de construir seu futuro com o esforço e o talento de todos os seus cidadãos.
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