Depois do encontro do poder econômico em Davos, Suíça, ao longo desta semana acontece em Dakar, Senegal, o que realmente importa: o encontro da sociedade civil planetária em todos os seus matizes étnicos, ideológicos, culturais, religiosos etc. A diversidade, a pluralidade e a democracia planetária se reunem na África.
Um Outro Mundo é Possível.
Leia abaixo.
A vez da sociedade civil
Fórum Social Mundial discute os novos caminhos para o futuro da humanidade
De Davos na Suíça para Dacar no Senegal. Do frio congelante da Europa, para o calor escaldante da África. Essas são algumas, mas certamente não as maiores diferenças entre o Fórum Econômico Global encerrado na semana passada e o Fórum Social Mundial que está sendo realizado nestes dias. Elas, sem dúvida, vão muito além de questões geográficas e climáticas.
Ambos os encontros tem a nobre missão de discutir, refletir sobre atuais e futuros caminhos para a humanidade. E, terminam aí as suas semelhanças. Davos teve como protagonistas as cerca de 2.500 lideranças empresarias, executivos representantes do poder econômico mundial. Já o fórum de Dacar terá em torno de 100 mil participantes representantes de uma gama variada de etnias, ideologias, culturas, religiões, enfim de uma enorme diversidade que compõe boa parte da sociedade civil planetária. Um espaço aberto de discussão heterogêneo, plural e participativo.
PALCO DA PLURALIDADE
O Fórum Social Mundial tem sido palco em suas diversas edições, de uma série de propostas que colocam o ser humano no centro do processo. São propostas e caminhos que tem em comum, o fato de colocar a economia a serviço do homem e não o homem a serviço da economia.
Entre as reflexões que definem o fórum está a busca por organizar a sociedade de uma maneira que ela seja capaz de atender as necessidades humanas. Daí vem o slogan sempre presente nesses encontros da construção de, “um outro mundo possível”. Do desenvolvimento de projetos alternativos para um novo modelo civilizatório.
EXEMPLOS
Vale destacar, como exemplo, algumas das discussões que fazem parte do fórum nesses dias:
Princípios para um novo paradigma de civilização, que tem como objetivo superar as rupturas com a biosfera criando as condições para harmonizar as necessidades de sustentabilidade do planeta com as necessidades de desenvolvimento. Colocar na mesma agenda, o impulso as forças produtivas ao lado da implementação de justiça social, ética, integridade e transparência.
Diálogo, articulação e construção de plataformas de ação, na busca por uma nova relação entre governos e sociedade civil. Uma nova cultura política baseada na ética, transparência, horizontalidade e compartilhamento do conhecimento.
A crítica contundente é outro aspecto marcante do Fórum Social Mundial. Um painel denominado Críticas aos ideais civilizatórios de crescimento e progresso, afirma que o atual modelo de desenvolvimento e crescimento desordenado é responsável por destruições, exclusões e desigualdades. Pelos problemas climáticos e a agressão aos limites do planeta. Um modelo que valoriza mais o “ter” do que o “ser”.
Chama ainda a atenção propostas polêmicas como a de crescimento zero que visa antes do puro e simples crescimento econômico, a redução da pobreza, das desigualdades e a busca por melhorias na qualidade de vida das pessoas.
FSM: Rico, plural e democrático
Independentemente dos resultados obtidos no curto prazo, o Fórum Social Mundial é um espaço onde ocorrem momentos inspiradores capazes de trazer à tona, questões importantes sobre o papel a ser desempenhado por governos, empresas e sociedade civil. Papel que deve levar em conta, acima de tudo, a valorização da diversidade humana baseada em visões de mundo diferentes.
Reinaldo Canto é jornalista com 30 anos de profissão. Trabalhou em emissoras de rádio e TV, Record, Globo, SBT, Bandeirantes e Jovem Pan, entre elas. Atuou como assessor de imprensa de grandes empresas. Especializou-se em sustentabilidade e consumo consciente, foi diretor de Comunicação do Greenpeace, coordenador de comunicação do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente e correspondente da Envolverde, Carta Capital e mídias ambientais na COP-15 em Copenhague. É colaborador da Envolverde.
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