sábado, 5 de fevereiro de 2011

Estelionato eleitoral?




Estou a pensar o significa para o eleitor que acreditou nas bandeiras levantadas e nos compromissos firmados alguns meses atrás por candidatos a cargos no legislativo, ao primeiro sinal do Poder Executivo, abandonam seus mandatos deixando-os a suplentes, muitas vezes, avessos a tudo o que defendiam ou são de outras regiões e que, por acreditarem nos seus programas elaborados cuidadosamente para captar a simpatia e o voto do cidadão.

Sem justificativa, sem consulta aqueles que os elegeram, resolvem unilateralmente, com a conivência dos partidos políticos, trocar o mandato enquanto for interessante, por um cargo na administração.

Deve-se recordar que para ser nomeado, se tiver a competência e as qualificações da função, não há necessidade de disputar um pleito eleitoral, basta que o Executivo assim os reconheça.

A interrogação que se faz é se estes “competentes” não disputassem e tivessem expressiva votação ou seu partido não se alinhasse ao Executivo, será que seriam nomeados?

Minha dúvida é se o eleitor sabendo que abandonariam o mandato teria votado nestas mesmas pessoas?

Na reforma eleitoral quem vai propor a fidelidade ao mandato? Creio que seria interessante proporem que aquele que aceitar cargos no Executivo perde o mandato, evitaria essas manobras de nomear e exonerar de acordo com os interesses do Poder Executivo e, muitas vezes, contra o interesse do eleitor que depositou seu voto de confiança.

Navalha na carne, mas, será que esse legislativo teria coragem de fazer isso? Não creio, infelizmente, na maioria das vezes, quando grupos se reúnem, ainda que sejam adversários ferrenhos, no afã de manterem-se, protegem-se mutuamente. Considero interessante discutir também a limitação de dois mandatos, no máximo, para o mesmo cargo eletivo, o que evitaria a profissionalização e a manutenção de dinastias, inibindo a renovação de nomes e idéias.

Chegou o momento de eliminar definitivamente a reeleição de ocupantes do Executivo. É preciso oxigenar o Estado brasileiro, a sociedade toda transforma-se e aprimora-se para continuar evoluindo, porque na função pública delegada de mandato eletivo não seria também salutar a renovação?

Experiência? Ledo engano.

Lula nunca havia ocupado um cargo público no Executivo e foi o melhor presidente do país? A própria Presidenta Dilma nunca havia disputado uma eleição, o que não significa que tenham competências identificadas e qualidades valorizadas pelo eleitor, então porque perpetuar senadores, deputados, vereadores no legislativo?

O que pode apresentar de diferente uma pessoa que ficou 8 anos no senado?

Será que não foi suficiente?

4 anos para deputados e vereadores apresentarem seus projetos e defenderem suas bandeiras é insuficiente?

Se houver a limitação, a primeira coisa que ocorrerá é o barateamento do custo de uma campanha e o segundo o surgimento de novas idéias.

Será que a reforma política vai contemplar essas possibilidades?

Hilda Suzana Veiga Settineri

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