MUITO FESTEJADA
Vejo com profunda preocupação os rumos que se tomam a caminho da chamada reforma política.
Sinceramente, acho improvável reformar alguma coisa com os mesmos elementos.
Dentre as várias combinações químicas, alterando percentuais de um e outro pode até se produzir algo novo, mas trará lá no fundo, numa espécie de célula originária o DNA que é o responsável pelo desencadeamento de tantas moléstias, as quais se pretendia evitar com a recombinação.
Pergunto-me se alguém na sociedade brasileira foi consultado sobre o que se quer com a reforma política?
Qual foi a forma? Plebiscitária?
Nem dentro dos partidos políticos o assunto foi discutido.
Agora os eleitos discutem a reforma política.
Por quê? Na minha ingenuidade, acredito que vislumbrando a proteção de seus próprios mandatos.
Sim. Estão a fazer leis, para eles mesmos, o que é “fato bastante natural” na tradição política.
Na realidade o que eles pretende é isso mesmo, salvar mandatos.
Muitos partidos definhando, sem ideologia, sem compromisso com seu programa de governo e outros tantos eleitos desejosos de mudar de partido e precisam de uma válvula escapatória.
As vozes que ainda ecoam nos corredores da política nacional vem uma parcela da de 1970 ou anteriores ou são representativas daquele pensamento e outra, do processo das lutas de redemocratização com os desencadeamentos na década de 1980, também com alguns brotos.
Salvar mandatos, partidos políticos não é tarefa de leis, mas do próprio processo democrático que através do sufrágio condena ou prolonga a vida política de uma agremiação ou de um mandato.
O que fazer para manter-se no poder?
Essa pergunta deve estar inquietando deputados e senadores brasileiros.
Muitos vêem suas bases irem minando e podem sucumbir nas próximas eleições municipais.
Não serão capazes de eleger prefeitos, vereadores que são muito mais correligionários, cabos eleitorais e vassalos por isso não executam com a competência e habilidade desejada as funções para as quais foram eleitos.
Uma nova eleição ameaça sua continuidade, é preciso agir rápido ante o inevitável declínio.
Cá, no meio da multidão fico a pensar: como engolir o bolo que está sendo feito?
Hilda Suzana Veiga Settineri [coeditora do Terra Brasilis]
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