terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Peritos removem ossadas que podem ser de presos políticos enterrados em cemitério da Vila Formosa

Por Agência Brasil

São Paulo – Peritos do Ministério Público Federal, da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, do Instituto Nacional de Criminalística do Departamento de Polícia Federal e do Instituto Médico Legal (IML) removeram até às 15h de hoje (22) três ossadas encontradas em sepulturas no Cemitério da Vila Formosa, na zona leste de São Paulo, apontadas como os possíveis locais onde podem estar enterrados os restos mortais de presos políticos desaparecidos no período da ditadura militar.

Os trabalhos de escavação foram retomados hoje e os peritos esperam encontrar em uma das seis covas que serão escavadas os ossos do militante Virgílio Gomes da Silva, que foi preso pela ditadura por ser um dos líderes do grupo que sequestrou o embaixador americano Charles Burke Elbrick.

No final de novembro passado, um ossário clandestino existente no local foi aberto, mas os trabalhos foram interrompidos no dia 3 de dezembro. Entre as ossadas encontradas até o momento pode estar a do militante da Ação Nacional Libertadora (ALN), Sérgio Correia.

Segundo o advogado do Grupo Tortura Nunca Mais e da família de Virgílio Gomes da Silva, Lúcio França, as buscas foram motivadas por documentos que apontam a possibilidade de o militante estar enterrado no Cemitério da Vila Formosa. Com base nisso o Ministério Público Federal entrou com uma ação civil pública que teve como desdobramento as escavações. “As entidades de direitos humanos e o grupo Tortura Nunca Mais estão reivindicando que o Estado brasileiro seja responsabilizado por isso, porque o crime de tortura é imprescritível de lesa à humanidade e como ele não foi encontrado é um crime permanente”.

Com as escavações, outras famílias foram beneficiadas já que pelo menos 16 ossadas encontradas na primeira escavação em novembro podem ser de presos políticos. Os restos mortais estão sendo analisados pela Polícia Federal que, no último dia 14, montou uma base no IML, onde estão centralizados os estudos das ossadas.

“Muitas famílias estão ligando para o grupo querendo saber se existe a possibilidade de seus parentes estarem entre essas ossadas. Estamos pedindo que essas pessoas entrem em contato conosco para que possamos dar a orientação necessária para que eles possam passar por esse processo de investigação e exumação”, disse França.

Eugênia Gonzaga, procuradora da República, explicou que os trabalhos devem ser concluídos no final da semana. “Temos relatos e dados antropológicos que nos permitem identificar o Virgílio por isso nem todas as ossadas serão analisadas, porque esses dados nos permitem eliminar algumas hipóteses. Pretendemos chegar a uma conclusão dessas sepulturas ainda esta semana”.
 
Edição: Rivadavia Severo

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