domingo, 27 de março de 2011

Agnelli apodreceu no galho

A natureza sabe o que faz, ela projetou os cabinhos das frutas que dão em árvores, de modo que desprendam do galho quando a fruta adquire o seu peso máximo, o que acontece quando está madura. Se a fruta não desenvolve bem e não recebe uma rajada de vento forte, ela apodrece no galho. O presidente da VALE, Roger Agnelli, está nessa situação, passou do ponto e não caiu.

O cargo do senhor Agnelli está por uma rajada de vento desde o final de 2008, quando em meio à um período de crise financeira internacional, que ainda não tinha chegado ao Brasil, demitiu 1.300 funcionários no momento em que o governo brasileiro anunciava medidas anticíclicas para evitar que a economia do país fosse prejudicada pela falta de crédito e redução de investimento estrangeiro, e pedia para que as empresas não se precipitassem cortando vagas.

Em 2009, com a economia do país estagnada, a Vale reduziu fortemente o investimento, indo mais uma vez em sentido contrário do trilhado pelo governo brasileiro. Em junho, demitiu mais 300 funcionários logo que terminou o prazo do acordo com o sindicato dos trabalhadores da empresa. As críticas a gestão Agnelli cresceram depois que a empresa ignorou os estaleiros brasileiros, que vinham sendo resgatados pelo governo Lula, para comprar 20 navios na China. No momento em que era preciso que a empresa reconhecesse a importância que tem para o país e fizesse a sua cota de sacrifícios, ela segue a cartilha neoliberal de lucro fácil em curto prazo, e dá uma banana para o todo mundo.

Roger Agnelli foi nomeado em 2001 sob influência do governo FHC. À época ele era presidente da Bradespar S/A, uma das controladoras da VALE, que pelo acordo firmado à época da privatização da empresa, indica os seus gestores. A VALE vem sendo beneficiada por sucessivos aumentos nos preços dos minérios de ferro no mercado internacional, o que lhe confere lucros altíssimos e causa impressão que esse sucesso deriva da boa gestão.

A insistência da atual direção da empresa em não investir no beneficamento das matérias-primas que exporta, condena o país ao rótulo de eterno país subdesenvolvido fornecedor de commodities, quando se decidisse por agregar valor aos seus produtos produzindo aço ainda no país, geraria mais riquezas e oportunidades para os brasileiros e não para os chineses.

Quando soube que o cargo que tenta manter a todo custo corria risco, Agnelli espalhou na velha mídia que a sua provável substituição teria influência direta do núcleo econômico do governo federal, que detém maioria acionária da VALE através do BNDESPAR e fundos de pensão. O governo nega a intervenção via Bradesco, as matérias da velha mídia estão todas baseadas em depoimentos em “off”, recurso válido de jornalismo que vem sendo banalizado.

Além de a informação ser altamente duvidosa pela falta de credibilidade de quem a veiculou, o argumento é pra lá de pueril. Se o governo quiser realmente mudar a direção da empresa por descontentamento com os rumos que vem tomando, está mais do que no seu direito e razão. Só faltava agora quererem que o governo abra mão de exercer o controle que a maioria na participação acionária lhe dá para satisfazer uma minoria de entreguistas. Já não basta os tucanos terem leiloado a empresa por preço vil no governo FHC? Querem agora se eternizar no controle da empresa?

Alguns diretores da empresa correram para os holofotes para avisar que estão sob protesto, prometendo demissão se Agnelli sair. Puro jogo de cena. Cargos de direção, nomeados diretamente pelo presidente, devem ser entregues em caso de mudança do mesmo, até para que o novo mandatário possa escolher a sua equipe de confiança com tranquilidade. É o mais coerente e o mais educado. Usar o que deveria ser uma obrigação como forma de protesto beira o ridículo.

Senhor Agnelli, como se dizia antigamente no futebol, peça o seu boné e saia de fininho, sem muito barulho, essa tentativa patética de se segurar a qualquer custo no galho da árvore vai fazer te fazer apodrecer mais a cada dia, e em vez de ficar marcado como presidente da maior mineradora do mundo por dez anos vai ser lembrado como o executivo chorão que não manteve a compostura no momento da demissão.

Fonte da imagem ilustrativa: http://blogdochimarrao.blogspot.com – Autor não informado.

2 comentários:

Unknown disse...

incrível a quantidade de ignorancia contida em um único artigo.

Profdiafonso disse...

Caro João Paullo, boa noite!

O artigo é de um editor do Terra Brasilis e, como editor-geral, manifesto-me em defesa do referido artigo, pedindo apenas que você apontasse "a quantidade de ignorância" presente no conteúdo.

Incrível como as pessoas têm dificuldade em argumentar. É um tal de um "achismo" que benza-te Deus!

Grande abraço e obrigado pelo comentário!

ps. No aguardo de seus argumentos.

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