Publicado em 11.03.2011, no Jornal do Commercio.
O pintor-verdadeiro, pássaro com penas de cinco cores, lidera a votação da espécie-símbolo da Mata Atlântica do Nordeste. Os organizadores do concurso, que prossegue até dia 31, divulgaram recentemente o resultado parcial que contabiliza 322 votos para a ave, seguida do macaco-prego-galego, com 194, e do limpa-folha-do-nordeste – outro pássaro –, com 61.
Pode participar da votação qualquer pessoa residente nas áreas de Mata Atlântica da região do Corredor do Nordeste, que compreende os Estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Os candidatos são todos endêmicos desse trecho do bioma, ou seja, não são encontrados em nenhum outro local, e estão criticamente ameaçados.
O macaco-prego-galego, conhecido pelos cientistas como Cebus flavius, é um dos 25 primatas mais ameaçados de extinção do mundo. Alimenta-se de frutos, sementes, insetos, aranhas, sapos e pequenos mamíferos, além de flores e folhas. A perda de hábitat pelo desmatamento, a fragmentação da floresta e a caça para transformá-lo em animal de estimação são as principais ameaças da espécie.
Com mais de 30 indivíduos em zoológicos de todo o Brasil, o primata na natureza tem população estimada em centenas de indivíduos. “Só numa reserva privada da Usina Japungu, em Santa Rita, na Grande João Pessoa (PB), são mais de 200”, informa a coordenadora do setor técnico-científico do Centro de Primatas Brasileiros (CPB), Mônica Montenegro.
A mais colorida entre as aves da Mata Atlântica do Nordeste, o pintor–verdadeiro (Tangara fastuosa) prefere áreas ricas em melastomatáceas, família botânica que inclui a quaresmeira. Come insetos e aranhas. Há registro de que constrói ninhos em bromélias, no mês de janeiro. Frequenta tanto o interior quanto a borda das florestas. A perda de hábitat – só restam cerca de 2% da Mata Atlântica que ocupa – e a caça devido à sua beleza são as principais ameaças.
Menos exuberante que o pintor-verdadeiro, o limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi) é, no entanto, mais ameaçado de extinção. A ave é registrada apenas em duas localidades: Murici, em Alagoas, e a Mata Sul de Pernambuco.
“É tão rara que só foi descrita na década de 1980, por pesquisadores do Museu Nacional do Rio de Janeiro, depois de anos e anos de expedições ornitológicas pela floresta atlântica alagoana”, relata a ornitóloga Sônia Roda, que colaborou na escolha dos bichos candidatos a espécie-símbolo da Mata Atlântica da região.
O objetivo da iniciativa, esclarecem os organizadores, é escolher, de maneira participativa, um animal símbolo para o programa Produzir e Conservar, realizado em parceria pelas organizações não governamentais Associação para Proteção da Mata Atlântica do Nordeste (Amane), Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan) e Conservação Internacional (CI-Brasil) e que conta com o apoio da empresa Monsanto.
O internauta que votar participará de sorteio no final do concurso. A escolha será feita entre os eleitores da espécie vencedora. O ganhador receberá o livro Hotspots Revisitados, com análise detalhada de 34 regiões, dados sobre a diversidade dos grupos de flora e fauna, espécies-bandeira, ameaças e ações de conservação. A publicação foi produzida em inglês e espanhol e, além do apanhado científico, o livro traz mais de 300 fotografias inéditas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário