quarta-feira, 2 de março de 2011

Cultura com dna verde e amarelo

CULTURA





Muito antes de se cotejar o sentido de cultura, o homem ao adquirir sua capacidade intelectiva já produzia cultura.

Assim, presumivelmente, todos os homens, ao seu modo, são produtores culturais.

Eis que em determinado momento, as classes hegemônicas se apropriaram do termo cultura e deram a ele, restritivamente, a conotação de conhecimento, sabedoria, erudição, refinamento, algo que era exclusivo ao seu mundo, deixando marginalizados como incultos todos os demais.

Para não padecer sobre a esterilidade esse modelo aliciou artistas sob o rótulo de mecenas ou patrocinadores, mas, na realidade era a compra da consciência crítica.

Passado um lapso considerável de tempo, mecenas e servilismo não saíram de moda.

Ora o Estado se rotula patrocinador e grande gestor da cultura, ora as classes hegemônicas se arvoram em protetoras desse patrimônio coletivo (ainda que descontem de seus impostos), mas, sempre tomando para si, a decisão do que é bom, do que deve ser produzido, e, calados, submissos os grandes nomes servem prazerosamente.


Ando, confesso, preocupada com o que se tem de política cultural para este país, para este Estado ou mais ainda, para este Município.

Quando o Estado toma para si o processo cultural, sem se ater a qualquer ideologia ou partido político, acaba amarrando, anexando e comprometendo a independência, a criatividade e – pior – a popularização da cultura.

Na maioria das vezes, torna a incorrer em produções caras e – como poderia dizer... com gosto de chupar bala sem tirar o papel.

Com todo o respeito que tenho aos que pensam de modo diverso, mas a produção cultural com DNA de brasilidade vir da massa, com o cheiro e o jeito dessa gente.


Saída das ruas e praças onde o artista faz seu palco e laboratório.

Saída dessa vida sofrida e tão cheia de saberes longe das academias e das rotulações. Vinda no sangue que corre nas veias dessa gente que coloriu o Brasil e que faz estampar na tela o mais lindo sorriso.

Vinda na voz e no trejeito dessa brasilidade que tem em cada Cidade, Estado ou região, que fazem a riqueza dessa nossa língua - me perdoem os lusitanistas – tão brasileira.

Mas, cá estamos falando de cultura e, essa língua que já não é tão pura, recebeu contribuições que durante muito tempo os doutos não a reconheciam, por erudição.

Minha curiosidade é tanta que, aguardo nossa Ministra Holanda, mostrar toda a sua brasilidade na formulação da política nacional de cultura, reconhecendo que os grandes centros produtores, nem sempre são os grandes adensados urbanos.

Quero ainda ouvir, ver, falar e tocar.

Sentir-se mais brasileiro quando for atendido o respeito a legislação e em toda programação for cumprido o percentual – pelo menos o mínimo - com produções nacionais, principalmente nos canais de TV e rádio.

Tantas coisas a nos mostrar que somos produtores de cultura mas, pecamos no momento da escolha ao valorizar enlatados, cuja única proposta é a afirmação de uma ideologia e a conseqüente alienação das massas.

Hilda Suzana Veiga Settineri [editora do Terra Brasilis]

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