quinta-feira, 3 de março de 2011

Invasão e violência! Até quando?

Por Gilderlan Rodrigues da Silva

No decorrer de toda a história do Brasil, o contato com os povos indígenas foi marcado por choques culturais, e por imposição de modos de vida diferentes. Dentro desse contexto de violação de direitos originários destacamos as invasões dos territórios indígenas. Podemos destacar de forma emblemática a invasão da terra Indígena Governador, onde vive o povo Pukobyê-Gavião. A terra fica a 750 km de São Luís, capital do Maranhão, e tem pouco mais de 42 mil hectares, onde vivem cerca de mil indígenas, divididos em seis aldeias.

Diversas ações de vigilância estão sendo realizadas pela comunidade, o que tem confirmando que a invasão madeireira à área está crescendo cada vez mais, principalmente após o início do processo de nova demarcação da terra, iniciado em 2007 e interrompido em 2010 por conta da ação de fazendeiros de Amarante que não deixaram o grupo técnico da Funai concluir os trabalhos.

A luta do povo Pukobyê-Gavião no combate a degradação ambiental de sua terra, vem sendo uma meta de vida para este povo que tanto necessita desta área para sobreviver socialmente e reproduzir-se culturalmente. Por isso, mesmo sob constantes ameaças, os indígenas têm denunciando a exploração clandestina de madeireiros que retiram madeira e estacas da área.

Por conta da constante luta contra o processo de invasão madeireira, em março de 2010, quarenta madeireiros armados invadiram a aldeia Rubiácea para retirarem um caminhão carregado de madeira apreendido. A ação provocou medo e desespero na comunidade, que mesmo com dificuldades e medo têm denunciado as invasões e ameaças que o povo vem sofrendo.

Com tantas denúncias, até o momento nada foi feito pelos órgãos responsáveis para garantir a integridade física e cultural do povo, que está sitiado e com medo de novas retaliações por parte dos madeireiros. A degradação ambiental na terra só aumenta, ao passo que a Funai e demais órgãos de vigilância e segurança ignoram os apelos da comunidade. Enquanto isso, o povo se vê com dificuldades para se locomover até a sede do município, aonde vai em busca de atendimento médico e farmacêutico, além de abastecem os veículos da comunidade e realizarem compras.

Povo Pukobyê-Gavião

O povo Pukobyê-Gavião pertence ao tronco lingüístico Macro Jê, e como outros povos desse tronco, constroem suas aldeias em forma de círculo. Geralmente ocupam área do bioma cerrado (vegetação rasteira com poucas e pequenas árvores retorcidas). As famílias vivem em casas construídas de palhas ou de barro e cobertas de palhas, e outras em casa de alvenaria. Na maioria das vezes seus parentes vivem juntos na mesma casa. Os homens ajudam uns aos outros com o preparo das roças (sistema de derrubadas e queimadas) e depois trabalham individualmente. Alguns dormem em redes e outras em esteiras.

A família do povo Pukobyê-Gavião é constituída por pai, mãe e filho, ou seja, nuclear. Tiram seu sustento das matas existentes na região, onde caçam, pescam e plantam (milho, jerimum). A base da alimentação do povo é a farinha de mandioca e frutas silvestres. Atualmente, por estarem próximos à cidade, os indígenas introduziram em sua alimentação produtos industrializados.

Com o crescimento cada vez mais acelerado das ações madeireiras ilegais, a casa do povo está ameaçada. Por isso, os Pukobyê-Gavião, têm realizado constantemente ações de vigilância na área e tentado preservar os recursos ambientais disponíveis na terra, de onde retiram o sustento de suas famílias e os elementos naturais para manutenção de suas tradições socioculturais.

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