sexta-feira, 4 de março de 2011

[Pernambuco] João e João: só um aperto de mão

Desafetos deixaram claro que cumprimento de ontem foi só por educação 

Arthur Cunha

Desafetos declarados no campo da política e sem mais nenhuma relação pessoal, o deputado federal João Paulo e o prefeito João da Costa [imagem], ambos do PT, selaram um armistício, ontem à noite, na inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Ibura, no Recife. Não trocaram acusações, alfinetadas ou ironias nos minutos em que dividiram o palanque com o governador Eduardo Campos (PSB). Como não se via desde os bons tempos do “João é João”, em um ato público, ex-padrinho e ex-afilhado chegaram até a se cumprimentar, após o discurso do prefeito. Cumprimento que veio acompanhado de um tapinha nas costas e um sorriso meio amarelo. Vaiado no Baile Municipal, João da Costa foi bastante aplaudido no Ibura, assim como João Paulo e Eduardo - todos na mesma intensidade.

O constrangimento entre os dois ex-aliados, vale salientar, era claro. Tanto que João Paulo ensaiou deixar o palco no início do ato, o que acabou não acontecendo. Ao cumprimentar os presentes, o deputado referiu-se a João da Costa apenas como “prefeito do Recife”, sem dizer seu nome. O atual gestor recifense foi mais cordial e citou o ex-prefeito nominalmente. O curioso é que, por uma pessoa, os dois petistas não ficaram lado a lado no palanque. Essa pessoa foi justamente o senador Humberto Costa, que tem funcionado como o fiel da balança dentro do PT no tocante ao embate dos joões. Antes, quando vistoriavam a UPA com o governador, os dois fizeram questão de manter a distância. João Paulo, que morou no Ibura, chegou a posar diversas vezes para fotos.

Ao final, perguntado até quando duraria o armistício, o deputado federal disse não ter problema em cumprimentar as pessoas. “Eu sou um pessoa educada, né? Eu não achei bom quando era prefeito e estendi a mão para (o vereador) Liberato (Costa Júnior/PMDB), e ele não estendeu a mão. Eu resgato sempre o nosso companheiro Lenin (líder da Revolução Russa de 1917), que dizia que a burguesia nos legou duas coisas: o bom gosto e a boa educação. Eu não vejo problema nenhum em você apertar a mão de outra pessoa”, brincou João Paulo, que, mais tarde, tuitou a brincadeira, sinalizando que o armistício tem tempo para terminar.

Tanto João Paulo quanto João da Costa, contudo, afirmaram que o caso não se trata de uma reaproximação. O prefeito, contudo, destacou a importância dos gestos na política. “Tenho uma relação pessoal e política, também de respeito. É um deputado federal, o mais votado da cidade do Recife. Eu, como prefeito, tenho uma relação política e educação pessoal também. Não tem nada a ver com armistício ou deixar de ter. A gente está procurando construir um caminho para construir a unidade política. É importante que gestos sejam feitos”, argumentou.

Em visita à Folha de Pernambuco, anteontem, João Paulo ressaltou que a unidade deve ser buscada e que, quem estiver melhor, deve ser o candidato da Frente Popular, no Recife. João da Costa, por sua vez, evitou entrar no assunto.

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