Há gente que me pergunta como eu me sinto sendo vítima da truculência da direita brasileira. Na realidade, pelo que me lembro, esta é a terceira vez.
A primeira foi durante a ditadura. Buscado pela Oban (aquela para a qual a empresa dos Frias emprestou seus carros para disfarçar de jornalistas os agentes do terrorismo de Estado), casa invadida, mulher detida, biblioteca e álbum de todos destruído, foto nos jornais e nos cartazes da ditadura como buscado por terrorista, execrado pela imprensa. Eu estava na clandestinidade, fui condenado, à revelia, a 4 anos e meio de prisão, depois anistiado.
A segunda, no processo movido pelo Jorge Bornhausen, quando eu lhe respondi com artigo na Carta Maior àquela declaração de que ia “acabar com essa raça por 20 anos”. Ele me moveu processo por injúria, calúnia e difamação, teve o apoio, uma vez mais, do lado da empresa dos Frias, execrado pela imprensa. Foi desatado um amplíssimo movimento de solidariedade, com abaixo assinado encabeçado pelo Chico Buarque, pelo Veríssimo, pelo Antônio Candido, pelo Eduardo Galeano, que recolheu mais de 20 mil assinaturas.
Como espécie de revanchismo por terem perdido as eleições de 2006 – que não estava nas contas deles, nem na dos Frias -, o processo caiu na mãos de um juiz de Santa Catarina, que me condenou a um ano de prisão e perda do meu cargo de professor da Uerj. Como eu era réu primário, porque tinha sido anistiado da condenação anterior, não iria à prisão, mas teria que realizar trabalhos sociais em comunidades. O absurdo não era apenas que eu é que era condenado e não ele – o crime de discriminação é imprescritível, pela Constituição – como não havia o direito de me tirar o cargo de professor de universidade pública, conquistado por concurso. O recurso a meu favor foi aprovado por unanimidade e aí terminou aquele processo.
Agora há esta nova ofensiva da direita, de novo achando que podem me constranger, me calar, me isolar. De novo truculenta, de novo submetido à execração pela, agora, senil e velha mídia, mas a mesma da época da ditadura e do processo do Bornhausen. De novo a empresa dos Frias envolvida, mediante uma armadilha de usar em on o que era uma conversa em off, coisa típica desse jornalismo decadente e imoral. Saio também ileso, moral e politicamente, honrado com todos os apoios que recebo, assim como pela lista – esta sim, execrável, dos que atacam, do outro lado.
A sensação, nas três circunstâncias, é a de que me tornaram vítima “por boas razões”, como dizia o Brecht, porque estou do lado certo, no bom combate, que o que está em jogo não sou eu individualmente, mas causas justas que é preciso defender e a que tantos dedicam também suas vidas na defesa delas. Que a solidariedade imensa e emocionante que recebi nas três ocasiões se dirige às causas às quais dedico o melhor da minha energia e não a mim como pessoa.
Portanto, me sinto bem nessas circunstâncias em que a direita me toma como vítima privilegiada, como que honrado por esse privilégio de ser considerado alguém que os incomoda, que afeta os seus interesses e os seus valores conservadores. De todas elas saí mais forte, com mais apoio, com mais amigos e companheiros, mais convencido de que essas são causas justas – tanto assim, que a direita as combate sempre, com todas suas armas, desde as metralhadoras e os carros da Oban-Folha, até o monopólio, enfraquecido e senil, da imprensa -, que vale a pena jogar a vida por elas.
A primeira foi durante a ditadura. Buscado pela Oban (aquela para a qual a empresa dos Frias emprestou seus carros para disfarçar de jornalistas os agentes do terrorismo de Estado), casa invadida, mulher detida, biblioteca e álbum de todos destruído, foto nos jornais e nos cartazes da ditadura como buscado por terrorista, execrado pela imprensa. Eu estava na clandestinidade, fui condenado, à revelia, a 4 anos e meio de prisão, depois anistiado.
A segunda, no processo movido pelo Jorge Bornhausen, quando eu lhe respondi com artigo na Carta Maior àquela declaração de que ia “acabar com essa raça por 20 anos”. Ele me moveu processo por injúria, calúnia e difamação, teve o apoio, uma vez mais, do lado da empresa dos Frias, execrado pela imprensa. Foi desatado um amplíssimo movimento de solidariedade, com abaixo assinado encabeçado pelo Chico Buarque, pelo Veríssimo, pelo Antônio Candido, pelo Eduardo Galeano, que recolheu mais de 20 mil assinaturas.
Como espécie de revanchismo por terem perdido as eleições de 2006 – que não estava nas contas deles, nem na dos Frias -, o processo caiu na mãos de um juiz de Santa Catarina, que me condenou a um ano de prisão e perda do meu cargo de professor da Uerj. Como eu era réu primário, porque tinha sido anistiado da condenação anterior, não iria à prisão, mas teria que realizar trabalhos sociais em comunidades. O absurdo não era apenas que eu é que era condenado e não ele – o crime de discriminação é imprescritível, pela Constituição – como não havia o direito de me tirar o cargo de professor de universidade pública, conquistado por concurso. O recurso a meu favor foi aprovado por unanimidade e aí terminou aquele processo.
Agora há esta nova ofensiva da direita, de novo achando que podem me constranger, me calar, me isolar. De novo truculenta, de novo submetido à execração pela, agora, senil e velha mídia, mas a mesma da época da ditadura e do processo do Bornhausen. De novo a empresa dos Frias envolvida, mediante uma armadilha de usar em on o que era uma conversa em off, coisa típica desse jornalismo decadente e imoral. Saio também ileso, moral e politicamente, honrado com todos os apoios que recebo, assim como pela lista – esta sim, execrável, dos que atacam, do outro lado.
A sensação, nas três circunstâncias, é a de que me tornaram vítima “por boas razões”, como dizia o Brecht, porque estou do lado certo, no bom combate, que o que está em jogo não sou eu individualmente, mas causas justas que é preciso defender e a que tantos dedicam também suas vidas na defesa delas. Que a solidariedade imensa e emocionante que recebi nas três ocasiões se dirige às causas às quais dedico o melhor da minha energia e não a mim como pessoa.
Portanto, me sinto bem nessas circunstâncias em que a direita me toma como vítima privilegiada, como que honrado por esse privilégio de ser considerado alguém que os incomoda, que afeta os seus interesses e os seus valores conservadores. De todas elas saí mais forte, com mais apoio, com mais amigos e companheiros, mais convencido de que essas são causas justas – tanto assim, que a direita as combate sempre, com todas suas armas, desde as metralhadoras e os carros da Oban-Folha, até o monopólio, enfraquecido e senil, da imprensa -, que vale a pena jogar a vida por elas.
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