Os árabes insurgem-se contra seus ditadores, o Japão sofre sua segunda maior tragédia de todos os tempos e Obama nos visita para fazer média e vender avião de guerra. É pouco? Quer mais? Ok: a malufista embalsamada, Hebe Camargo, e a “cansada” Ana Maria Braga entrevistaram a primeira mulher presidenta da história do Brasil. Dilma Rousseff saiu do programa das duas hipócritas muito maior do que entrou.
Os EUA financiaram e apoiaram muito ditador, mundo afora, durante os últimos 60 anos. Inclusive, é claro, a nossa ditadura militar de 21 anos. Hosni Mubarak do Egito, por exemplo, recebeu “ajuda” constante dos EUA ao longo dos 30 anos de seu reinado. Ajuda que sempre devolveu na base do toma-lá-dá-cá de dólar por arma. A indústria de armas, como outra qualquer – precisa testar e vender seus produtos no “mercado”. Não é à toa que os EUA não passam um dia sequer sem estarem envolvidos em alguma guerra, seja onde for, direta ou indiretamente. Antes de tornar-se o inimigo número um dos EUA, Sadam Hussein recebeu “ajuda” semelhante na guerra contra o Irã durante a década de 80. Naquela época, todos os machos da família Hussein tinham o “direito” legítimo de “catar” e estuprar mulheres atraentes no meio da rua, em plena luz do dia. E se maridos, pais ou irmãos ousassem socorrê-las, eram assassinados na hora. Agora é Kadafi, ex-aliado das multis do petróleo, que bombardeia seu povo para defender 40 anos de tirania. Ainda tem os Talibans do Afeganistão – hoje inimigos, ontem armados pelos EUA contra a URSS …
Ninguém ousa parar a máquina de guerra americana. Já houve épocas, como na década de 60, em que mandaram assassinar o presidente e assassinar seu assassino. Como se sabe, Kennedy pretendia retirar os EUA do Vietnã. E o Vietnã era o “mercado da vez” da indústria bélica americana.
Barack Obama jamais poderá se contrapor ao way-of-life americano. Não só por ser um presidente negro num país assumidamente racista; não só por ser indesejado pelas elites de todo o mundo e nem só porque tem a mão de ferro de Hillary Clinton exercendo marcação cerrada. Existem instituições nos EUA que são intocáveis. Se for preciso sacrificar hábitos deste way-of-life para proteger a camada de ozônio, por exemplo, esquece.
Quando foi eleito, tinha tudo para ser “o cara” – versão americana. Mas seu governo caminha para ser um dos mais medíocres da história dos EUA. Não por falta de preparo – que ele o tem de sobra. Bush filho, Clinton, Reagan e Bush pai… não chegam aos pés dele. Mas o homem mais poderoso do planeta é refém de um sistema dominado por banqueiros, magnatas do petróleo e uma classe média que não abre mão das montanhas de supérfluos industriais e poluidores que a TV lhes vende. Mal tomou posse e foi obrigado a assinar o socorro de bilhões de dólares a Wall Street para pagar a conta da farra imobiliária. Um verdadeiro estelionato financiado pelo contribuinte americano.
O Japão se desintegra na segunda maior tragédia já vista em sua história. A primeira, como todos sabem, foi o teste nuclear revestido de “ato de guerra legítimo” que os EUA impuseram ao país no final da Segunda Guerra Mundial. Mesmo os japoneses estando tecnicamente derrotados. As bombas de Hiroshima e Nagasaki foram armas de destruição em massa mais eficazes que o holocausto: 200 mil civis evaporaram em 1 minuto e dezenas de milhares ao longo das décadas seguintes.
Obama chegou hoje ao Brasil para tentar nos vender aviões e pedir para Dilma ser mais “liberal” que Lula. Pedirá que o Brasil volte a ser o principal comprador dos EUA. É a primeira vez que um presidente americano chega na defensiva em sua visita ao Brasil. Pois o Brasil que encontrará não é mais o vira-latas que foi durante praticamente todo o século passado. Precisamos, sim, modernizar nossa defesa reafirmando nossa soberania sobre as 200 milhas do nosso rico litoral. Precisamos, sim, acabar de vez com os tentáculos dos magnatas do petróleo que desejam abolir essa extensão fronteiriça para transformar o Pré-Sal em terra de ninguém. José Serra está com eles e para eles – como revelaram documentos divulgados pelo Wikileaks recentemente (leia aqui) sobre a armação com a Chevron durante a campanha eleitoral. E se estiver muito velho para 2014 ou 2018, a Chevron tentará outro boneco em seu lugar. O Pré-Sal é para o metade final desta década. Obama nem estaria mais em cena e o PSDB manteria a sala de suas visitas aberta a quem quiser entrar para negociar, mesmo contra os interesses do povo brasileiro.
A presidenta sabe de tudo isso e não vai se deixar seduzir justamente pelo representante da nação que planejou e deu apoio logístico aos golpistas de 64 dos quais foi prisioneira durante 3 anos e pelos quais foi torturada. Será gentil com o ser humano Barack Obama – que é merecedor pela sua história de vida. Quanto ao presidente dos EUA… Além disso, existe a questão da tecnologia. A França oferece o pacote completo que inclui know-how e autonomia para manutenção dos aviões. Já os bélicos americanos querem vender-nos a manutenção e tecnologia de seus aviões à parte, num negócio periódico. Existem também o Mercosul e a economia do todo o nosso continente que depende da liderança brasileira para crescer e se fortalecer – o que não agrada Hilary Clinton e os seus.
Dilma não será apenas a meiga e bela senhora que foi ao programa das duas bruxinhas malufe-serristas para mostrar às donas de casa de todo o país que não é assaltante de banco nem assassina. Brasil e EUA não são mais os mesmos depois de Lula e Obama.
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