Na semana passada, o polêmico site Wikileaks divulgou documentos, até então secretos, que revelam detalhes sobre o caso dos presos de Guantánamo, desde que a prisão estadunidense, localizada em uma baía da ilha de Cuba, foi criada em 2002 pelo então presidente George W. Bush, após os atentados terroristas contra os Estados Unidos em 11 de setembro de 2001.
Sob a alegação de deter supostos terroristas numa ‘Guerra contra o Terror’, o governo norte-americano teria cometido, segundo o site, uma série de abusos contra estes detentos. De acordo com os documentos, 60% dos réus foram presos no local sem ter qualquer ligação com a guerra santa.
Sobre estes documentos, a Anistia Internacional (AI) declarou que os Estados Unidos devem libertar ou submeter a um processo de julgamento justo os detidos desta prisão. A entidade também criticou o país por não ter indenizado aqueles que foram detidos ilegalmente.
A diretora da AI para as Américas, Susan Lee, lembrou que a Anistia afirmava desde o princípio que muitos presos foram detidos por motivos ‘espúrios’ e mantidos sem direito de acessar o sistema legal de justiça dos Estados Unidos. "As autoridades (norte-americanas) devem julgar aos que continuam detidos - em tribunais civis e não por comissões militares – ou dar-lhes a liberdade”, declarou em nota.
A maioria dos quase 800 presos em Guantánamo já foi liberada sem acusação. Até agora, apenas cinco deles foram condenados pelo sistema de comissões militares e um pelo tribunal civil. Nenhum dos ex-presidiários sem condenação recebeu indenização.
"De centenas que permaneceram ilegalmente detidos sem acusação (em Guantánamo), menos de cinqüenta poderiam ser eventualmente processados, mas o governo estadunidense não indenizou ninguém. As autoridades norte-americanas não tiveram que se responsabilizar pelos abusos infligidos a estes homens”, denunciou a diretora.
Mais de 170 pessoas continuam presas em Guantánamo, cerca da metade deles são do Iêmen. Em 36 casos foi aprovada a repatriação, enquanto que outros 30 foram designados para um possível traslado a este país, dependendo das condições de segurança. No entanto, as repatriações foram suspensas em dezembro de 2009, com a única exceção do caso de Mohammed AL Odaini, que foi realizada em junho do ano passado.
Em seus discursos, o atual presidente norte-americano, Barack Obama, havia prometido fechar a prisão, no entanto, nada fez neste sentido, em mais de dois anos em que está na presidência do país.
Em milhares de páginas, os memorandos secretos enviados pela Força Tarefa Conjunta na baía de Guantánamo ao Comando Sul dos Estados Unidos, em Miami, Flórida, que foram elaborados entre 2002 e 2008, revelam detalhes de quase todos os prisioneiros (758 de um total de 779). O site afirma que este documento nunca havia sido vistos antes pelos meios de comunicação e nem pelo público em geral.
Os documentos registram os menores objetos que os presos portavam e até seus estados de saúde. Os memorandos qualificam ainda os presos como de baixo, médio ou alto risco.
Para ler o informe completo, clique aqui.
Com informações de Fian Honduras e Wikileaks.
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