domingo, 17 de abril de 2011

Contando os dias - história dos calendários

Entenda como surgiram os calendários e como eles evoluíram até sua forma atual


Por: Romeu C. Rocha-Filho e Mario Tolentino, Departamento de Química, Universidade Federal de São Carlos

Se cada um tivesse seu próprio jeito de contar os dias, o mundo seria uma loucura! Por isso, fica impossível imaginar nossas vidas sem os calendários. Mas como será que eles surgiram? Um dos primeiros calendários de que se tem notícia é o romano (embora o homem já tivesse meios de se orientar no tempo antes disso). Diz a lenda que ele foi criado por Rômulo, primeiro rei de Roma, no ano 735 a.C.

O calendário romano se baseava no ciclo lunar e tinha 304 dias divididos em 10 meses - seis com 30 dias e quatro com 31. Naquela época, a semana tinha oito dias e só passaria a ter sete no ano 321 d.C. Foi Rômulo quem nomeou os primeiros quatro meses do calendário romano de martius, aprilis, maius e junius. Os meses seguintes foram simplesmente contados em latim: quintilis, sextilis, septembre, octobre, novembre e decembre.

Como esse calendário não estava alinhado com as estações do ano, que duram cerca de 91 dias cada uma, por volta do ano 700 a.C., o rei Numa, que sucedeu Rômulo no trono, decidiu criar mais dois meses: janus e februarius. Embora as estações estejam ligadas ao ciclo solar, o novo calendário romano continuou a seguir o ciclo lunar, mas passou a ter 354 dias (seis meses de 30 dias e seis de 29).

Durante o império de Júlio César, por volta do ano 46 a.C., o calendário sofreu mais mudanças. Os senadores romanos mudaram o nome do mês quintilius para Julius,  para homenagear o imperador. O calendário passou a se orientar pelo ciclo solar, com 365 dias e 6 horas. O chamado calendário juliano foi uma tentativa de entrar em sintonia com as estações.

Foi criada uma rotina em que por três anos seguidos o calendário deveria ter 365 dias. No quarto ano, ele passaria a ter 366 dias, pois, após quatro anos, as 6 horas que sobravam do ciclo solar somavam 24 horas, isto é, mais um dia. Estava estabelecido o ano bissexto. Além dos meses alternados de 31 e 30 dias (exceto fevereiro, que tinha 29 dias ou 30 em anos bissextos), passou-se a considerar janeiro, e não março, o primeiro mês do ano.


Mais tarde, quando o mês sextilius passou a ser chamado de Augustus, decidiu-se que o mês em homenagem ao imperador Augusto não poderia ter menos dias que o mês dedicado a Júlio César. Um dia de februarius foi então transferido para Augustus - por isso hoje o mês de fevereiro tem 28 dias (ou 29 em anos bissextos). Para evitar que houvesse três meses seguidos com 31 dias, o total de dias dos meses de septembre a decembre foi trocado: setembro e novembro ficaram com 30 dias, outubro e dezembro com 31.

No fim do século 16 descobriu-se que o ciclo solar não tinha 365 dias e 6 horas redondas e sim 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 16 segundos. Com alguns ajustes, passou a vigorar o calendário gregoriano (introduzido por ordem do papa Gregório XIII), usado hoje em quase todo o mundo. Só que os astrônomos do nosso tempo concluíram que, na verdade, o ano tem 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46,04 segundos! Mais uma pequena mudança (só são bissextos os anos de virada de século que divididos por 9 levem um resto igual a 200 ou 600 - por isso o ano 2000 foi bissexto) e chegamos ao modelo atual de calendário. E assim vamos contando nosso tempo...

adaptado do artigo originalmente publicado em Ciência Hoje das Crianças 94 escrito por: Romeu C. Rocha-Filho e Mario Tolentino, Departamento de Química, Universidade Federal de São Carlos - http://chc.cienciahoje.uol.com.br

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