Um ensaio do fotógrafo colombiano Mauricio Vélez criou polêmica ao exibir menores de idade nus ao lado de homens vestidos com batinas de padres e bispos, em uma crítica aos casos de pedofilia envolvendo a Igreja Católica.
As fotos, publicadas na revista Soho, fizeram a Procuradoria Geral da Colômbia abrir uma investigação contra a revista, alegando que as imagens vão contra a proteção dos direitos fundamentais dos menores, previstos pela Constituição da Colômbia.
Foto da série "Metade anjos, metade demônios", exposta em Medellín |
"Isso representa uma violação do dever de responsabilidade que cabe à revista Soho para com os meninos, meninas e adolescentes, e exige responsabilidade da família, da sociedade e do Estado de os proteger integralmente. Neste caso, a publicação pode ter violado o Código da Infância", diz o comunicado da Procuradoria.
Foto da série "Metade anjos, metade demônios", exposta em Medellín |
O código impõe aos meios de comunicação o dever de "absterem-se de realizar transmissões ou publicações que estimulem a integridade moral, psíquica ou física de menores de idade, que incitem a violência, que façam apologia a delitos, ou que contenham descrições pornográficas".
Em entrevista ao jornal colombiano El Tiempo, o diretor da Soho, Daniel Samper Ospina, criticou os argumentos da Procuradoria e garantiu que sua publicação não faz apologia à pedofilia. "É o contrário. Arte é denunciar. Essas fotos não produzem pensamentos errados, e sim os critica", disse.
Foto da série "Metade anjos, metade demônios", exposta em Medellín |
Ospina disse ainda que gostaria de ver uma reação tão enfática contra os clérigos pedófilos e não contra aqueles que tentam denunciar os casos de pedofilia na Igreja Católica. "Violam as leis aqueles que se escondem atrás de uma batina para abusar de crianças, não as obras que denunciam esta realidade", afirmou.
Foto da série "Metade anjos, metade demônios", exposta em Medellín |
O diretor da publicação esclareceu também que as fotos foram produzidas por Vélez e não pela revista, que as reproduziu por acreditar que o conteúdo tem "valor estético e de denúncia". As imagens fazem parte da exposição "Metade anjos, metade demônios", que atualmente está exposta em Medellín.
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