Por LEN*
O vídeo divulgado no site Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim (Veja aqui), é mais uma prova incontestável de como determinado segmento da imprensa deu sustentação ao golpe e à ditadura militar, tornando-se cúmplice dos crimes cometidos pelo Estado no período mais negro da história desse país.
O vídeo divulgado no site Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim (Veja aqui), é mais uma prova incontestável de como determinado segmento da imprensa deu sustentação ao golpe e à ditadura militar, tornando-se cúmplice dos crimes cometidos pelo Estado no período mais negro da história desse país.
Não me lembro de ter visto a exibição da propaganda adesista sem-vergonha construída em cima de mentiras em uma tentativa patética de reescrever a história, na ocasião em que foi exibida pela Rede Globo. O ano era de 1975, e esse blogueiro só tinha sete anos de idade à época. Só comecei a tomar consciência do que o país tinha vivido e ainda vivia três anos mais tarde.
Já conhecia a capa de O Globo um dia após o golpe e o famigerado editorial assinado por Roberto Marinho, comemorando em 1984 os vinte anos do golpe e da ditadura que perseguiu, exilou, prendeu, torturou, matou e desapareceu com milhares de Brasileiros, inclusive jornalistas. Mas esse vídeo narrado por Cid Moreira torna inquestionável qualquer tentativa de justificar a posição editorial do grupo durante o período militar. Não dá para comparar censura com apoio voluntário.
Veículos da velha mídia, sobretudo Globo e Folha, que ainda hoje tentam reescrever a história com releituras indecentes do que aconteceu naquele tempo, têm suas parcelas de culpa nos crimes cometidos pelo Estado seja por participação direta (como nos episódios em que carros de entrega de jornais da Folha foram usados para transportar presos políticas para as masmorras da OBAN) ou através do uso do seu poder de penetração nacional, garantido pelos próprios militares, para catequizar cidadãos e criar a ilusão que o Estado criminoso promovia a sua salvação.
Entendo e respeito os companheiros que exigem punição para os criminosos assassinos e torturadores, talvez por não ter perdas familiares pelos crimes da ditadura. Eu apoio a comissão da verdade como um instrumento de se revelarem os fatos reais para os brasileiros que até hoje são enganados pela propaganda mentirosa; de se resgatar a dignidade de quem morreu e foi torturado (e seus familiares) pelo sonho de construir um país livre de ditadores e evitar que as próximas gerações esqueçam o que aconteceu e caiam nas mesmas armadilhas. Mesmo que ninguém seja punido, pelo menos que a verdade seja contada, isso é fundamental.
Nessa linha, sem nenhum tipo de revanchismo, é preciso mostrar para o país não só o que fizeram os militares, mas também os serviços prestados pelos seus aliados para sustentar o regime. Roberto Marinho e Octávio Frias têm suas parcelas de responsabilidade nos crimes cometidos pelos milicos, e não se pode perder a oportunidade para acabar com a ilusão criada dos grandes comunicadores que devem ser homenageados. Aos golpistas, o limbo da história.
Fonte da imagem: http://wn.com/AMERICANOS_TRAMAM_APOIO_AO_GOLPE_DE_64
*LEN é editor-geral do Ponto & Contraponto e editor do Terra Brasilis.
*LEN é editor-geral do Ponto & Contraponto e editor do Terra Brasilis.
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