Obama e Osama, uma dupla infernal
Obama segue colhendo os frutos da ação executada pelos comandos da Marinha que fuzilaram Osama Bin Laden, desarmado, em seu quarto na casa de Abbottabad. Com indices de aprovação crescentes (11 pontos, segundo pesquisa CBS/NY Times) e saudado como herói nas ruas do país, Obama saboreia o gosto da vitória e está convencido que deu um largo passo em direção à vitória na eleição presidencial do ano que vem.
A verdade é que Osama Bin Laden caiu do céu para as pretensões do presidente à reeleição, no exato momento em que sua popularidade despencava e os republicanos se preparavam para tomar de assalto a Casa Branca.
Obama, um politico maneiroso, sabe que esse é o melhor momento dele no cargo e tenta tirar o máximo proveito da situação. Na quinta-feira, foi até o Ground Zero, estrategicamente, em plena hora do almoço em Manhattan. Por onde passava, a comitiva presidencial era reverenciada pela multidão aos gritos de U-S-A, U-S-A.
Com a Big Apple debaixo de um rigoroso aparato de segurança, que incluiu até barcos militares no Rio Hudson, Obama fez o que qualquer politico em campanha faz. Homenageou bombeiros e policiais mortos nos atentados de 11 de setembro de 2001, colocou flores no memorial em homenagem aos quase 3 mil mortos e teve um encontro reservado com familiares das vítimas. Tudo regado a muitos sorrisos, abraços e apertos de mãos. São inegáveis a simpatia e o carisma do presidente.
Passou por uma saia justa pouco comentada pela mídia. Ouviu um não, do ex-presidente George Bush, a quem convidara para ir com ele até o local onde as torres gêmeas sucumbiram. Bush recusou o convite, segundo explicação de seu assessor, por ter assumido um compromisso consigo mesmo de se manter longe dos holofotes públicos depois que deixou o cargo. A Casa Branca se apressou em dizer que não tomou como ofensa a decisão de Bush de não atender ao convite.
Na trilha do sucesso, Obama caiu na estrada na sexta-feira e foi confraternizar com os militares treinados para matar, o pessoal da Marinha que executou fria e sumariamente o inimigo número dos Estados Unidos, em uma caçada que durou dez anos e consumiu quase cinco mil vidas de soldados estadunidenses e alguns trilhões de dólares.
Obama jogou uma cartada decisiva. Deu certo, pelo menos por enquanto, embora o temor da retaliação não possa ser descartado. Resta saber por quanto tempo mais o efeito Bin Laden será capaz de ajudá-lo na tarefa de administrar um país atolado em problemas econômicos, onde banqueiros em dificuldade são socorridos com o dinheiro público, enquanto a pobreza se alastra e o governo nada faz para impedir que proprietários em dificuldade sejam expulsos de suas casas.
O episódio Osama Bin Laden serviu, pelo menos, para confirmar o que para muitos era ainda uma dúvida: o homem que ganhou o prêmio Nobel da Paz não passa de um governante estadunidense como outro qualquer, que mobiliza sua máquina de guerra para invadir países e fazer justiça com as próprias mãos.
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