domingo, 19 de junho de 2011

Blogo, logo resisto

Manter um blog é dar a cara a tapa. Não é fácil nem tão recompensador como pode parecer. Você recebe críticas, elogios e… porradas. Não publico as porradas que recebo. Mesmo porque, cães raivosos, brucutus e antas ambulantes, já transbordam nos espaços de comentários de leitores da Folha, Estadão e Veja. Não precisam de mim e não fariam efeito algum nos meus leitores. Mas como não diferenciam alhos de bugalhos, eles latem pra todo lado feito zumbis sem rumo. Principalmente depois de perderem a eleição, quando Mayara Petruso os convocou para a “vingança”.

Uns juram de pé junto que sou pago pelo PT. Outros, que sou otário por acreditar em todas as “mentiras que a imprensa inventa sobre o Brasil ter melhorado com Lula”. Fato é que já foram detectados e medidos pelas pesquisas: são uma minoria, aqueles 5% que odeiam nordestinos, negros, homossexuais, pobres etc. Mesmo assim, pensei que já era hora de me apresentar de uma forma, digamos, mais biográfica.

O que me trouxe até aqui? Por que escrevo e busco leitores? Por que, aparentemente, sou tão parcial com os governos de Lula & Dilma?

Existem os que lutam contra determinados partidos ou ideologias, por discordarem deles intelectualmente: “sou contra os comunistas porque ouvi dizer que eles comem criancinhas. Portanto, quero evitar que cheguem ao poder e comam meus filhos”. E existem aqueles que lutam para se defenderem de uma ameaça já conhecida: “não quero que eles voltem ao poder, pois já senti na pele o mal que podem causar”. É o meu caso, sou dessa turma.

O segundo mandato de FHC arrasou milhares de pequenas e médias empresas. Não me interessam os motivos, as circunstâncias ou a necessidade. Se, para acabar com a inflação, era preciso acabar com a economia, com a vida e o futuro de milhares de pessoas, então era preferível que mantivessem as coisas como estavam. Mas o pré-fabricado pastel de vento, batizado “pai do Real” e eleito presidente pelo PiG, sonhou que poderia ser canonizado pelo Papa e coroado pelo povo “diferenciado”. Sonhou que podia ser o cara na capa da Caras!

Jamais pensei que os 40% de inflação sob Sarney pudessem deixar saudades. Bem ou mal, às voltas com cálculos de preços baseados na tabelinha da OTN, BTN e similares (lembram-se?), não faltava trabalho. Eu mantinha um padrão de vida razoável e via minha única filha crescer feliz e me enchendo de orgulho.

Janeiro de 1999: depois de mandar comprar os votos de alguns parlamentares e garantir sua reeleição, o bufão emplumado desvalorizou sua “moeda milagrosa” em… 80%! Ao longo dos 4 anos seguintes, só tivemos recessão, desemprego e decadência. Vivi isso na própria pele e vi os estragos ao meu redor. Um a um, meus clientes foram fechando as portas ou reduziram suas estruturas e seus gastos. Lembro-me bem de um em particular: a empresa ocupava um andar inteiro na Av. Paulista. Com a recessão avançando como uma nuvem negra, começaram a sublocar parte do seu andar para terceiros. Foram reduzindo seu espaço gradativamente até, finalmente, ocuparem uma única saleta! Naqueles dias ninguém crescia. Alguns sobreviviam e muitos, muitos mesmo, desmoronavam. O desemprego batia recordes e as empresas faziam cortes em comunicação e marketing – que eram a minha área profissional. Aos poucos, estes serviços tornaram-se escassos. Para muitas empresas, dispensáveis até segunda ordem.

Depois de gastar todas as reservas que tinha, passei a sobreviver da venda dos meus objetos pessoais: livros, discos, instrumentos musicais, eletrodomésticos… Cheguei ao cúmulo de vender o computador, que era minha ferramenta de trabalho, pois já não o utilizava há um bom tempo.

Não parece ser tão dramático assim, certo? Tantas são as voltas nesta vida… As vezes estamos por cima, noutras por baixo. É normal que todos passemos por isso ao menos uma vez. Dizem que é nestes momentos, de maior dificuldade, que descobrimos quem são nossos verdadeiros amigos. Mas não é bem assim. No início podem até ajudar e manter o respeito por nós. Mesmo que não possamos mais dividir a conta do bar. Mas com o tempo, vão se distanciando e nos excluindo – inferiores na escala social que nos tornamos. E finalmente estamos sós. Isolados como leprosos numa sociedade que valoriza o ser humano pelos valores que tem… no bolso.

Tudo isso é suportável. Afinal, teoricamente, quando estamos no fundo do poço só resta uma única direção a seguir: para cima. Certo? Mas…

Mas e se você tem uma filha única, de 8 anos, não tem mais a quem recorrer, não pode mais pagar a escola particular e se vê obrigado a colocá-la numa escola pública? E se a escola pública for paulista – onde nada se ensina e tudo que se aprende é…

Não vou continuar com essa história familiar. É tão comum que tenho certeza todos já a conhecem. Ou na própria pele ou na pele de algum amigo. Além disso não sou um paciente no divã e vocês não estão aqui para ler dramalhões. Só posso dizer que o fim dessa história está a anos luz de ser o clássico “e foram felizes para sempre”. Apesar de ter me recuperado e me encontrar financeiramente estável – o que, quase nada me vale hoje.

Enfim, por absoluta necessidade de desopilar os sentimentos e buscar algum equilíbrio, criei o hábito de escrever. Com o tempo, passei a elaborar e direcionar um pouco mais a escrita. E quando senti que podia fazer a diferença (e estou certo de que fiz alguma) criei este blog. E não estou aqui para expor exercícios e floreados literários. Tenho bem claro que o propósito deste blog é, junto a centenas de outros, servir de contraponto a essa imprensa podre corrupta e manipuladora que, até bem pouco tempo, era dona absoluta da verdade dos fatos.

A propósito, hoje termina o #2BlogProg – II Enontro Nacional dos Blogueiros Progressistas, que teve a ilustre presença do presidente Lula. Veja aqui o excelente discurso de Lula na abertura, aqui a fala de Paulo Bernardo, Ministro das Comunicações,  e acompanhe aqui os debates de hoje, último dia.

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