A guerra civil na Líbia já dura quatro meses.
Nos últimos dois meses, toda a notícia sobre a queda do raís Muammar Kaddafi era logo desmentida pelos fiéis ao ditador, pelos rebeldes e pelas forças da Otan.
A última proposta de acordo para colocar fim ao conflito foi feita em maio passado. Consistia na substituição do coronel ditador pelo filho Saif-al-Islam e restou considerada risível por França, EUA e Reino Unido.
Os presidentes Barack Obama e Nicolas Sarkozy sustentaram, até bem pouco, que Kaddafi havia perdido a legitimidade e deveria partir para o exílio. Nesse contexto, o governo dos rebeldes, sob a liderança do ex-ministro Mustafá Abdul Jalil, foi logo reconhecido por Sarkozy como sendo os únicos representantes da Líbia. Enquanto isso, a Otan, órgão coordenador, intensificou os bombardeios, tudo com caças a decolar das bases militares localizadas em Nápoles.
No início de julho, Sarkozy admitiu o fornecimento de armas aos rebeldes.
Neste final de julho, por incrível que possa parecer, o quadro mudou. Até porque Obama e Sarkozy estão em campanha para a reeleição e precisam cortar gastos. E ambos sabem que falhou a previsão de que o tirano Kaddafi não resistiria por muito tempo.
Ontem, por Nova Iorque, onde está a sede da ONU e os 007 da CIA são bem ativos, o sinal do amadurecimento de um acordo na Líbia era forte.
Pelo acordo costurado, Kaddafi deixaria o poder mas permaneceria na Líbia.
Como acabou de declarar ao Wall Street Journal o líder rebelde Mustafá Abdul Jalil, o coronel “Kaddafi e a sua família poderão permanecer na Líbia, mas seremos nós a decidir como e onde”.
Jalil, que apoiava a ditadura quando ocupou uma pasta de ministro, acha que, no poder, saberá transformar Kaddafi num “morto civil”.
Talvez, se imagine um novo Mubarack. Só que o ex-ditador egípcio está muito doente. Kaddafi, ao contrário, goza de boa saúde e é muito ativo.
Obama já deu sinais, e os 007 da CIA difundem a informação que os EUA aceitam a solução aventada, ou seja, com Kaddafi fora do poder e isolado no seu país.
O presidente Obama insiste, apenas, na tese de caber aos líbios, livremente, a escolha do seu destino político.
Sarkozy e o premier britânico também aceitam a permanência de Kaddafi na Líbia. Lógico, fora do poder. Embora não digam, Sarkozi e Cameron querem democracia, mas com compromissos econômicos pré estabelecidos com eles. Em outras palavras, uma nova geoeconomia petrolífera.
Como se sabe, o petróleo segurou durante anos o tirano Kaddafi. E o raís distribuía ajuda financeira à Itália e França. Era bajulado a ponto de escolher locais parar armar suas tendas quando em visita àqueles dois países.
Pano Rápido. Para forçar o acordo e mostrar que Kaddafi não terá sossego, os rebeldes e a Otan-Nato aumentaram os ataques nos dois últimos dias. Kaddafi resiste com os arsenais escondidos em lugares como cemitérios, fábricas e residências de civis em centros populosos.
O acordo com Kaddafi, segundo especialistas, só acontecerá se o ex-raís partir para o deserto com armados protetores e contas desbloqueadas. Como Kaddafi é paranoico, a complicação aumenta. Mais ainda, esse tipo de acordo dará força moral a Kaddafi.
–Wálter Fanganiello Maierovitch–
Fonte: Terra Magazine
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