quarta-feira, 20 de julho de 2011

Advogado de Direitos Humanos diz que Allende cumpriu palavra ao 'não se entregar aos traidores'

Salvador Allende [Fonte da imagem: http://sul21.com.br/jornal/2011/05/chile-exuma-de-salvador-allende/]

O advogado da Afep (Associação de Familiares de Executados Políticos) do Chile, Eduardo Contreras, disse, depois da divulgação do relatório que comprovou a versão de que o ex-presidente Salvador Allende (1970-1973) se suicidou, que "o mandatário, como sempre sustentou, cumpriu sua palavra de não se entregar aos traidores".

Segundo Contreras, "nunca esteve em discussão a dignidade do mandatário" e a dúvida que tinham sobre sua morte "foi esclarecida, pelo menos para mim". 

"Para nós, o mais importante é que seja estabelecida a verdade sobre a morte e, nesse sentido, todo avanço, como esse, nos parece positivo. O negativo, o inaceitável é que ninguém investigasse a morte de um presidente do Chile", declarou.

O advogado explicou que "nas associações de direitos humanos existiam dúvidas pelas opiniões de alguns legistas, mas ninguém que eu conheça defendeu uma ou outra tese. Nossa ideia era que se investigasse", insistiu.

Contreras ainda destacou que o relatório divulgado pelo Serviço Médico Legal de forma alguma encerra definitivamente a investigação. "Ignoro os trâmites que serão realizados depois por Mario Carroza [juiz que investiga o caso], mas esta não é a última palavra e sim um passo muito importante", completou.

De acordo com o anúncio realizado ontem pelo diretor do SML, Patrício Bustos, "a causa da morte, como é conhecida por toda a opinião pública, por sua família e pelo juiz foi ferimento a bala. Uma forma de morte que corresponde ao suicídio", afirmou Bustos.

O ex-presidente morreu em 11 de setembro de 1973, durante um ataque ao La Moneda, sede do governo chileno, pelas forças golpistas lideradas por Augusto Pinochet. A versão oficial da morte dizia que Allende teria cometido suicídio, mas alguns chilenos acreditavam que ele teria sido assassinado pelos militares.

Em maio, pouco depois do início da investigação, sua filha, a senadora Isabel Allende, declarou que o pai "tomou a decisão de morrer" como um gesto de coerência política. Ela reafirmou sua convicção de que ele decidiu tirar a própria vida "em defesa do mandato que lhe fora entregue pelo povo".

Isabel, também à época, expressou "sua satisfação" com o processo judicial que tem como objetivo "estabelecer de forma incontestável as causas da morte". 


Fonte: Opera Mundi 

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