sábado, 30 de julho de 2011

Comunidade pobre de SP se revolta com contas de luz e dá calote coletivo na Eletropaulo

“O rapaz da Eletropaulo veio ontem aqui cortar a minha luz, mas eu peguei a vassoura e o coloquei para correr. Daí ele escreveu no papel que o morador estava ausente e foi embora.” Esta fala de uma moradora da comunidade Promorar Jardim Julieta, na zona norte de São Paulo, serve para resumir a revolta da população local com a AES Eletropaulo, concessionária privada que distribui a energia elétrica na Grande São Paulo.

A maior parte das famílias reclama do valor das contas de luz, que, segundo elas, não condiz com o consumo nas casas pequenas e simples do bairro. O mesmo ocorre na vizinha favela do Violão, ainda mais pobre do que o Jardim Julieta. Nos dois locais, o problema parece ser generalizado. A conta de luz e as pelejas com a Eletropaulo são os assuntos mais comentados nas ruas e vielas estreitas das comunidades.

A cobrança abusiva teria começado em 2008, quando a AES Eletropaulo realizou a troca dos relógios de medição nas casas da região. Com os equipamentos novos, os moradores dizem que as tarifas saltaram de R$ 15 ou R$ 20 mensais para R$ 100, R$ 150 e R$ 200, em média.

Diante do problema, os moradores decidiram, ainda em 2008, tomar uma decisão: ninguém mais iria pagar a conta de luz até que a cobrança fosse normalizada. O calote coletivo ajudou a mobilizar as comunidades e a chamar a atenção para o problema, mas hoje, quase três anos depois, virou mais uma dor de cabeça para as famílias, que contraíram dívidas de até R$ 6.000 com a concessionária.

Moradores em desespero


Em maio deste ano, agentes da AES Eletropaulo passaram de casa em casa para calcular o valor da dívida acumulada no período. Na maioria dos casos, a concessionária amortizou parte do débito e dividiu o valor de 12 a 24 parcelas. A cobrança de valores considerados altos pelos moradores nas contas de luz, entretanto, não foi resolvida. Além das contas altas, as famílias agora precisam também pagar as parcelas das dívidas do passado, sob pena de terem a energia cortada e os nomes enviados para o Serasa.

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