domingo, 31 de julho de 2011

Crise gerou oportunidades para Dilma

Analista político diz que Dnit sempre foi “caixa de pandora”

Fábio Mendes

A crise gerada pelas constantes denúncias de irregularidades no Ministério dos Transportes resultam em uma grande oportunidade para a presidente Dilma Rousseff imprimir de fato sua marca no governo.

A opinião é do professor da Universidade Católica de Brasília e especialista em políticas públicas pela UnB (Universidade de Brasília), Emerson Silva Masullo.

De acordo com o analista, a saída de Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes permitirá a Dilma dar sua cara ao governo. “Ele era da cota de Lula. Partindo deste pressuposto, Dilma tem oportunidade de renovar, trazendo pessoas mais afinadas com o estilo dela”. Masullo disse que a saída de Antonio Palocci da Casa Civil também ajuda neste processo.

As demissões no Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) são particularmente importantes no processo, na opinião de Masullo.

“O Dnit sempre foi uma caixa de pandora. Agora, Dilma tem chance de renovação total, e em um setor importante que concentra alguns dos pontos mais audaciosos de seu programa de governo e boa parte das obras do PAC”, explica.

Recado

Além de dar a chance para que Dilma faça mudanças estratégicas em seu governo, as exonerações também servem como um recado aos que ficaram. Para Masullo, o atual ministro dos Transportes, Paulo Passos, pode ser um dos próximos a sair do governo.

“Se surgirem ligações entre o novo ministro e a antiga estrutura, aumentarão as cobranças para sua saída. E a presidente Dilma deixou claro que ninguém é insubstituível".

Para ela, caso isso ocorra, o PR perderia definitivamente o ministério dos Transportes. Após perder dois ministros, ficaria improvável o partido continuar no poder. “Se não for transparente, Passos perderá o cargo em pouco tempo e o PR ficará sem a pasta”.

Dificuldades

A saída do PR do Ministério dos Transportes, no entanto, traria outro problema para Dilma. Masullo explica que a presidente teria de fazer um rearranjo de forças a fim de manter a maioria no Congresso, condição primordial para conseguir aprovar as reforças necessárias ao país.

“O PR não vai gostar de perder o ministério e outro espaço teria de ser oferecido para que eles não deixem a base aliada do governo. É um partido importante, com 40 deputados federais. Isso não é coisa para se desprezar”.

Segundo o analista, Dilma terá grandes batalhas para enfrentar no Congresso, como a redução do fator previdenciário, a reforma tributária e o corte de despesas. “Tudo isso demandará muito esforço no Senado e na Câmara e a presidente precisa dos aliados para vencer. Se perder apoio do PR ou de outros partidos, terá dificuldades”.

Fonte: Band 

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