Denúncias sobre um esquema de corrupção comandado dentro do Ministério dos Transportes resultaram nesta quarta-feira na demissão do ministro Alfredo Nascimento (PR). A decisão foi tomada diante do agravamento da crise aberta no último fim de semana, quando a revista Veja revelou no último fim de semana a existência de um esquema de cobrança de propina na pasta. Um dos cotados para a vaga é Paulo Sérgio Passos, que é funcionário de carreira no setor e já comandou o ministério durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Outro cotado é o senador Blairo Maggi (PR-MT).
Embora fosse conhecida desde o meio da tarde, a saída de Nascimento foi confirmada pouco antes das 17 horas. Segundo nota oficial, Nascimento encaminhou seu pedido de demissão à presidenta "com a determinação de colaborar espontaneamente para o esclarecimento cabal das suspeitas levantadas em torno da atuação do Ministério dos Transportes". O texto diz ainda que o ministro pediu à Procuradoria-Geral da República que investigue o caso.
"Alfredo Nascimento reassumirá sua cadeira no Senado Federal e a presidência nacional do Partido da República (PR) coloca-se à disposição de seus pares para participar ativa e pessoalmente de quaisquer procedimentos investigativos que venham a ser deflagrados naquela Casa para elucidar os fatos em tela", diz a nota.
A demissão de Nascimento já era dada como certa por seus aliados no meio da tarde. O assunto ganhou força quando a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, convocou a bancada do partido para uma reunião no Palácio do Planalto para discutir o assunto. Pouco antes do anúncio da saída, iG ouviu de um senador que se preparava para ir ao encontro com Ideli que não havia "mais clima" para Alfredo permanecer no cargo. "Que ele volte para o Senado para se defender. Virou uma questão pessoal", disse um senador do PR à reportagem.
Alfredo é senador licenciado. Seu suplente é João Pedro (PT-AM). Ontem, o próprio petista já considerava a situação do colega complicada. Assim que tomou conhecimento das primeiras denúncias do caso, no fim de semana, a presidenta Dilma mandou afastar toda a cúpula da área - perderam seus cargos o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, o presidente da Valec Engenharia, José Francisco das Neves, o Juquinha, o chefe de gabinete do Ministério dos Transportes, Mauro Barbosa Silva, e o assessor Luís Tito Bonvini.
A decisão, entretanto, alimentou o clima de preocupação quanto ao risco de um estremecimento nas relações com o PR. Nascimentou, então, foi poupado num primeiro momento e chegou a ser anunciado pelo Planalto como o nome que iria conduzir as investigações. A divulgação de novas reportagens sobre o assunto,
Leia a íntegra da nota oficial que formalizou a saída do ministro
O Ministro de Estado dos Transportes, senador Alfredo Nascimento, decidiu deixar o governo. Há pouco, ele encaminhou à presidenta Dilma Rousseff seu pedido de demissão em caráter irrevogável.
Com a determinação de colaborar espontaneamente para o esclarecimento cabal das suspeitas levantadas em torno da atuação do Ministério dos Transportes, Alfredo Nascimento também decidiu encaminhar requerimento à Procuradoria-Geral da República pedindo a abertura de investigação e autorizando a quebra dos seus sigilos bancário e fiscal. O senador está à disposição da PGR para prestar a colaboração que for necessária à elucidação dos fatos.
Alfredo Nascimento reassumirá sua cadeira no Senado Federal e a presidência nacional do Partido da República (PR) coloca-se à disposição de seus pares para participar ativa e pessoalmente de quaisquer procedimentos investigativos que venham a ser deflagrados naquela Casa para elucidar os fatos em tela.
*Colaboraram Fred Raposo, iG Brasília, e Ricardo Galhardo, iG São Paulo
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