Chegamos à última semana de exibição da do espetáculo que há dois meses vem sendo exibido ao mundo pelos EUA.
O “será que pago-será que não vou pagar?” envolvido na ampliação dos limites da dívida pública americana, transformou o 2 de agosto – data limite para se iniciar a inadimplência dos compromissos de vencimentos – numa espécie de Dia Mundial da Crise, que vai chegando, chegando, chegando, sem que ninguém possa fazer nada para evitar.
Bobagem. É evidente que se pode e não são mais dois ou três trilhões de dólares em títulos públicos que vão determinar que cesse ou se reverta o inexorável declínio do império americano. O fim do mundo bipolar, com a extinção da União Soviética, contraditoriamente, deu aos EUA a vitória que o levou à perda de uma hegemonia mundia que só muito pálida e odiosamente pôde ser mantida pelo poder militar.
Na economia, o que ensaiou o Japão nos anos 70 e 80, hoje faz a China, com um tamanho que faz o país dos japoneses parecer um anão junto a um lutador de sumô. À sua sombra, os demais emergentes também avançam, e a Velha Europa, às voltas com a falta de competitividade de sua economia, não está em condições de ajudar os amigos americanos, a quem nunca deixou de, no fundo, desprezar.
Os EUA caminham para o seu ocaso como império movidos pela mesma ideia que os levou ao poder mundial. O “we are the best” acabou por jamais permitir que sua visão de mundo fosse a de que podiam ser os melhores num mundo melhor, como o apoio internacional á ascensão de Barack Obama mostrou que todo o planeta esperava.
Mas isso passou. A reação saudosa da “supremacia americana” que, somada à fraqueza e falta de liderança no primeiro presidente negro daquele grande país fizeram com que as poucas mudanças fossem tão pouco marcantes que, novamente, os EUA voltaram a ser percebidos com a mesma antipatia que eram antes de sua eleição, certamente sem a figura caricata de Bush para evidenciá-lo.
Por isso, embora racionalmente todos digam que torcem por um acordo que permita evitar o 2 de agosto, ele age sobre a opinião pública mundial com a atração do abismo. O gigante ameaça levar todos consigo, mas ver o gigante patinando à beira de um declive, sujeito a se ajoelhar, deixa o mundo ansioso, morbidamente, para ver acontecer o que pode mergulhar a todos num desastre.
Lá, entretanto, parece que a percepção é outra. Há acordo sobre continuar, com uma ampliação do teto da dívida, no caminho deficitário que sangra o Estado americano – e sacrifica seus pobres. As diverg~encias, cada vez mais claramente, se descolam do como fazer os cortes – porque Obama já cedeu mais que se esperava na questão dos gastos sociais – e passam ao volume e duração do acordo, para que ele tenha de ser renovado ou ampliado antes das próximas eleições americanas.
Não é o 2 de agosto de 2011 que turba as mentes dos dirigentes da Casa Branca e do partido republicano na infindável série de reuniões mal sucedidas que continuam tendo, ainda agora, cinco dias antes do prazo fatal.
É o 6 de novembro de 2012.
Uma eleição que parecia fadada a não mudar, agora, passou a ser uma ameaça para Obama.
E o jogo que por ela se trava, uma ameaça para o mundo.
Fonte: Tijolaço.com
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