domingo, 10 de julho de 2011

EUA vão investigar caso de turismo sexual no Brasil

Empresa americana teria prostituído menores; caso foi revelado pelo Jornal da Record


O Departamento de Justiça dos Estados Unidos está investigando uma empresa americana por suspeita de explorar o turismo sexual no Brasil, segundo reportagem do diário americano The New York Times (NYT). O caso já havia sido denunciado pelo Jornal da Record em outubro de 2010.
A reportagem do JR mostrou que, na época, a Polícia Federal de Manaus havia recebido uma denúncia de que empresas que vendem pacotes de turismo de aventura e pesca esportiva na Amazônia no Brasil e nos Estados Unidos estariam promovendo orgias durante as viagens. Menores de idade estariam nos barcos de luxo para serem exploradas sexualmente por turistas estrangeiros.

A ONG (organização não governamental) Equality Now ajudou a abrir no mês passado um processo criminal na corte federal do Estado da Geórgia (sul dos EUA) contra Richard Schair - empresário do setor imobiliário e dono da empresa de viagens Wet-A-Line Tours (que fechou). Ela destacou que foi a primeira vez que a Lei de Proteção a Vítimas de Tráfico e Violência (aprovada em 2000 nos EUA) foi usada para um caso de exploração do turismo sexual.

Segundo o NYT, o caso foi aberto após a queixa feita por quatro mulheres brasileiras. Elas disseram ter sido forçadas, quando eram menores de idade, a trabalhar como prostitutas para americanos em expedições promovidas por uma empresa operada por Schair - uma delas teria 12 anos de idade quando foi submetida a esse trabalho.

Em outubro do ano passado, o JR revelou o caso de sete meninas de comunidades ribeirinhas no Estado do Amazonas. Todas eram menores quando o caso aconteceu, em 2004. Elas pensavam que iam trabalhar uma vez por semana por R$ 168 (US$ 100, em valores da época) e no final tinham que se submeter a favores e orgias. Imagens colhidas pela polícia mostram cenas da exploração.

O caso vem sendo investigado desde o ano passado pelo FBI, já que envolve cidadãos americanos. No Brasil, a Polícia Federal fez buscas nos barcos envolvidos - iates luxuosos, com várias cabines. O pacote vendido nos Estados Unidos custa R$ 7.580 (US$ 4.500, em valores da época), sem incluir o preço das passagens aéreas.

A investigação constatou ainda que a rota da "pesca sexual" funcionou entre 2000 e 2007. Ao menos 20 meninas foram vítimas - entre elas, cinco indígenas. 

A representante da Equality Now, Kristen Berg, disse que o Brasil está passando à frente da Tailândia como principal destino do turismo sexual. Ela disse que veio ao Brasil, acompanhada de advogados da empresa King & Spalding (que não está cobrando pelo serviço), para procurar testemunhas.

Na quinta-feira (8), Schair disse ao NYT por telefone que as alegações de seu envolvimento com turismo sexual são falsas e não entrou em mais detalhes.

O processo no Estado da Geórgia e a investigação do Departamento de Justiça seriam, segundo o diário americano, uma ramificação de um outro processo criminal aberto por Schair em 2007 contra outro operador de expedições pesqueiras à Amazônia, Philip Marsteller.

Na ação, Marsteller é acusado de dizer que Schair ofereceria prostitutas e drogas a seus clientes nas expedições - mas o réu nessa ação reforçou a acusação com testemunhos de meninas brasileiras e de ex-funcionários. O caso foi resolvido em 2008, com um acordo - no qual Schair pagou uma indenização simbólica. A partir desse caso, agentes federais americanos teriam começado a investigação de ligação de empresas americanas com o turismo sexual no Brasil.

Em 2009, a empresa de Schair foi intimada a entregar documentos - entre eles, listas de passageiros e clientes. Em dezembro do ano passado, a ex-mulher dele também teria sido mencionada no caso, após a descoberta de documentos que mostram que ela operava uma empresa que teria se envolvido em prostituição infantil no Brasil.

Saiba quais sinais podem indicar que uma criança sofreu abuso


R7

Um comentário:

O TERROR DO NORDESTE disse...

Cumpadi, o TN tá bloqueado.Quando tento fazer o login aparece o numo 503.Será que é a besta fera?

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